sábado, 14 de maio de 2016

Comandante do Hezbollah morre em ataque na Síria

13.5.2016  -   O comandante militar do Hezbollah, Mustafah Badreddine, morreu em um ataque perto do aeroporto de Damasco, anunciou nesta sexta-feira o movimento xiita libanês, que luta contra os rebeldes na Síria, em aliança com o regime de Bashar al-Assad.
O poderoso movimento armado xiita, inimigo declarado de Israel e considerado uma "organização terrorista" pelo governo dos Estados Unidos, não anunciou a origem ou a data do ataque, apresentado como uma "grande explosão".
Ele é o mais importante dirigente do Hezbollah morto desde o assassinato em fevereiro de 2008 em Damasco de seu antecessor, Imad Moughniyeh. O movimento libanês, aliado do Irã, acusou na época o assassinato a Israel, que negou qualquer envolvimento.
"As informações obtidas durante a investigação preliminar revelaram que uma grande explosão atingiu um de nossos postos nas proximidades do aeroporto internacional de Damasco, matando o irmão comandante Mustafah Badreddine e deixando outras pessoas feridas", afirma uma nota do movimento.
"Vamos prosseguir com a investigação para determinar a natureza e as causas da explosão, e saber se foi provocada por um bombardeio aéreo, um míssil ou por um disparo de artilharia", completa o comunicado.
O movimento xiita armado libanês, que travou uma guerra contra Israel em 2006, costuma acusar o governo israelense pelo assassinato de seus dirigentes, mas desta vez não apontou diretamente contra o Estado hebreu.
Badreddine, de 55 anos, comandava a organização na Síria, onde a guerra entre as tropas de Damasco, rebeldes e jihadistas provoca danos há mais de cinco anos.
Ele também era um dos cinco acusados dentro do movimento xiita pela organização do assassinato do ex-primeiro-ministro libanês Rafic Hariri, morto em um atentado em Beirute em 2005. Além disso, foi alvo de sanções do Tesouro dos Estados Unidos.
'Mártir'
Algumas horas antes, o Hezbollah anunciou em um breve comunicado a morte de Badreddine.
"Há alguns poucos meses disse: 'não vou voltar da Síria, a não ser como mártir, ou com a bandeira da vitória'. Este é o comandante Mustafah Badreddine, que hoje voltou como mártir", anunciou o Hezbollah.
Assad encarregou o embaixador sírio em Beirute, Ali Abdelkarim, de apresentar as condolências ao Hezbollah.
De acordo com o jornal libanês Al-Akhabar, próximo ao movimento xiita, o ataque aconteceu na quinta-feira à noite.
O funeral deve acontecer nas próximas horas na periferia de Beirute, reduto do Hezbollah. Será sepultado ao lado de Moughniyeh, de quem era genro.
Em entrevista ao canal do Hezbollah, Al-Manar, o deputado do movimento Nawwar Al Sahili destacou que não se deve antecipar os resultados da investigação e evitou fazer acusações.
"É uma guerra aberta e a resistência responderá no momento oportuno".
Mas a emissora destacou em um comentário que "os inimigos do grande mártir são conhecidos, sejam os sionistas (Israel), os americanos ou os takfiris", termo utilizado para designar os grupos jihadistas ou islamitas radicais sunitas.
Badreddine substituiu no cargo de comandante militar Imad Moughniyeh, procurado pela Interpol e pelo governo dos Estados Unidos por uma série de atentados e sequestros.
'Cérebro' do atentado contra Hariri
O especialista em Hezbollah Waddah Sharara afirmou que Badreddine foi responsável pela formação de milícias xiitas no Iraque e foi o vínculo direto com o Irã no plano militar, assim como o principal elo entre o Hezbollah e o caso Hariri.
Em julho de 2015, o Tesouro dos Estados Unidos anunciou sanções financeiras a Badreddine por "apoio ativo ao regime de Assad e às ações terroristas do Hezbollah".
O Tribunal Especial para o Líbano (TEL), criado pelo Conselho de Segurança da ONU para julgar o assassinato do ex-premier Hariri, emitiu ordens de prisão contra Mustafah Badreddine, considerado o "cérebro" do planejamento do atentado, e contra outros quatro membros do Hezbollah.
O movimento, que negou qualquer responsabilidade no atentado, se recusou a entregar os suspeitos.
O TEL é um tema sensível no Líbano, um país dividido entre o Hezbollah, um movimento xiita pró-Irã, e a coalizão dirigida por Saad Hariri, filho do ex-primeiro-ministro, sunita.

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