Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

quinta-feira, 15 de março de 2018

História do petróleo e gás natural – passado, presente e futuro. Rússia

 A indústria do petróleo na Rússia origina-se em meados do século XIX quando o então Canato de Baku, situado às margens do Mar Cáspio, transformou-se numa verdadeira Meca do petróleo. Poucos sabem, mas graças ao empreendedorismo de um grupo de três irmãos suecos – até então desconhecidos do grande público, Ludwig, Alfred e Robert Nobel – que a cidade azeri tornou-se a maior produtora deste hidrocarboneto no mundo. Os irmãos Nobel foram os pioneiros em conceber uma nova dinâmica ao florescente negócio naquela região atrasada do mundo: Construíram as primeiras refinarias privadas, assentaram o primeiro oleoduto e distribuíram o petróleo russo via navios-petroleiros construídos pelos próprios suecos. Até então, carregava-se o petróleo de Baku em barris sobre o lombo de burricos. De acordo com a pesquisadora sueca Brita Asbrink, quando Alfred Nobel criou, em 1901, o prêmio que contém o nome da sua família, parte dos recursos que custearam este projecto – que perdura até hoje, como é sabido – provinha da empresa de petróleo dos irmãos Nobel, a Nobel Brothers Petroleum Company ou Branobel, como ficou conhecida entre os russos, uma corruptela de Bratiá Nobel, ou Irmãos Nobel em português. Pois Baku, uma antiga e esquecida cidade nos confins meridionais do velho império czarista, logrou a façanha de superar um país inteiro, os Estados Unidos da América, até então lideres mundiais na produção de petróleo, graças à mitológica Standard Oil Company, fundada em 1870 pelo não menos mitológico, John Davison Rockefeller.

A situação da então nascente e próspera indústria do petróleo local tomou um rumo dramaticamente diferente com a queda do czarismo em 1917 e ulterior fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas em 1922. Com a planificação e coletivização compulsórias da economia por decreto de Lenin, todos os empreendimentos, refinarias, oleodutos e afins na região de Baku foram estatizados pelo governo soviético sem quaisquer compensações ou reparações a seus antigos proprietários, como os irmãos Nobel, por exemplo. Pelo contrário. Não foram poucas as violências cometidas pelos bolcheviques durante os tempos de confisco. Apesar das profundas mudanças políticas, o petróleo permaneceu soberano, assim como nos tempos dos czares, constituindo a pilastra economica mais sólida e confiável da União Soviética. Com o fim da antiga superpotência em Dezembro de 1991, a recém-formada Federação Russa não podia mais contar com os importantes centros produtores de petróleo e gás natural da era soviética, como o Azerbaijão, a bacia de Shah Deniz no Cáspio, as imensas reservas de gás natural do Turcomenistão e os ainda inexplorados e promissores campos do Cazaquistão. Para o Kremlin, não era mero detalhe explorar e descobrir outras regiões que contivessem nas suas entranhas o ouro negro. Era uma questão de sobrevivência.
O eixo do petróleo e gás natural começou a tomar outro rumo na antiga União Soviética com a descoberta de uma gigantesca reserva na Sibéria em 1965, na região de Tyumen: O campo de Samotlor, hoje controlado pela companhia anglo-russa TNK-BP. Trata-se de um colosso com centenas de quilômetros quadrados. Até hoje, um dos maiores campos petrolíferos do planeta e o maior da Rússia, apesar de 47 anos ininterruptos de exploração. Habitar ou explorar uma região antologicamente conhecida por ser tão erma e inóspita como a Sibéria sempre foi um desafio. Se durante o famoso inverno siberiano, atingem-se facilmente temperaturas próximas a 60 graus negativos, durante o verão, a tundra siberiana descongela-se parcialmente, com a formação de pântanos com enxames de mosquitos e outros insectos, tornando a vida dos moradores locais um constante desafio às leis de Darwin. Mas a necessidade russa de aumentar as suas combalidas receitas durante os caóticos anos 90 fez Vladimir Putin, ao assumir o poder em 2000, mudar inteiramente a atitude do Kremlin para com a sua maior preciosidade. O antigo Ministério do Petróleo e Gás soviético havia sido desmembrado em uma série de novas corporações como a Gazprom, Yukos, SIDANKO, ONAKO, RUSIA Petroleum, Slavneft ( estas quatro últimas, junto com a inglesa BP, foram agrupadas em uma única companhia nos anos de 2003 e 2004, a Tyumenskaya Neftyanaya Kompaniya/British Petroleum ou TNK-BP ), Lukoil, Sibneft, Rosneft, Surgutneftgaz, Tatneft e Bashneft, sendo privatizadas – ou roubadas, de acordo com muitos russos – Na sua grande parte durante o turbulento governo de Boris Yeltsin. Explicação etimológica: “neft” em russo significa petróleo.
Quando o assunto é petróleo sempre foi e continua sendo complicado fazer negócios com os russos. A coisa  torna-se ainda mais difícil, quando o petróleo é extraído no país deles. Todas as grandes companhias de petróleo do mundo sabem disso, mas também sabem que não podem ter a ousadia de impor quaisquer exigências “desagradáveis” ao Kremlin, sob pena de não participarem de um dos últimos eldorados do ouro negro que se tem notícia. Nos anos 90, a BP inglesa já teve um investimento de mais de U$ 500 milhões na antiga SIDANKO, digamos, “furtado” pelos seus parceiros russos. Pode parecer um contrassenso, mas os ingleses decidiram passar uma borracha no passado conturbado que tiveram com os seus antigos sócios russos e fazer novamente negócios com as mesmíssimas pessoas que desfalcaram a companhia britânica na era Yeltsin. Fácil entender: Uma companhia de petróleo vale tanto quanto tem de reservas provadas nas suas mãos. Como há pouquíssimos lugares ainda “virgens” disponíveis e/ou financeiramente factíveis, a proverbial fleuma britânica da BP não resistiu e teve de se sujeitar à maneira pouca ortodoxa dos russos nos negócios. É o tal “russkie bizinetz”, onde só um lado ganha, ou seja, sempre os eslavos.
Vladimir Putin percebeu que apesar do  seu país ser um dos maiores productores e exportadores mundiais de petróleo e gás natural, menos de 15% estava nas mãos do Estado. A maior parte do bolo pertencia aos chamados oligarcas, como Mikhail Khodorkovsky ( Yukos ), Vagit Alekperov e Leonid Fedun ( Lukoil ), Boris Berezovsky e Roman Abramovich ( Sibneft ), Mikhail Fridman e Viktor Vekselberg ( TNK-BP ) e Vladimir Bogdanov ( Surgutneftgaz ). A fim de resgatar a Rússia da enorme decadência pós-soviética em que se encontrava, era crucial reavivar a economia e eliminar o mandarinato político que exerciam os oligarcas. Segundo o projeto de Vladimir Putin, isso só seria possível realocando a maior parte dos recursos energéticos do país sob o pálio do Kremlin e retirando de cena aqueles magnatas que se opusessem ao planos do governo. Se necessário fosse, a ferro e fogo. E assim, um implacável e draconiano Vladimir Putin foi como um rolo compressor atrás deste objectivo. Em 2000, o oligarca mais poderoso da Rússia, Boris Berezovsky, então aliado e mentor de Putin, exilou-se em Londres. A Procuradoria de Justiça de Moscovo incriminava-o em um cipoal de denúncias: participação em máfias, inúmeras fraudes fiscais, assassinatos de jornalistas – como o do famoso apresentador da TV russa Vladislav Listyev – e empresários, envolvimento com a guerrilha separatista Tchetchena, dentre outras acusações graves. Com a sua prisão uma mera questão de tempo, isolado e sem poder contar com o seu agora inimigo Vladimir Putin, o polêmico oligarca vendeu o que pôde ao seu antigo protegido e sócio, e agora igualmente inimigo, Roman Abramovich e fugiu. Com isso, Abramovich, aliando-se ao interesses de Vladimir Putin, passou a ser o único dono da gigante Sibneft. Em 2005, em um jogo de cartas marcadas, o proprietário do Chelsea vendeu à Gazprom – na qual o governo é acionista maioritário – a sua participação accionária na empresa. A Sibneft foi extinta pelo Kremlin e formou-se a Gazprom Neft. Vitória de Putin. Próximo passo: Mikhail Khodorkovsky, então o homem mais rico do país, foi preso num aeroporto na Sibéria em 2003 sob alegações semelhantes às de Berezovsky: Mandante de assassinatos de rivais políticos e de negócios, fraude e evasão fiscal em massa. Bilhões de dólares em impostos e taxas atrasadas. A solução? Liquidar a então maior empresa privada de petróleo do país, a Yukos. O comprador? A estatal Rosneft. Os defensores do antigo magnata alegam perseguição política. Khodorkovsky actualmente está preso numa penitenciária na Carélia, próximo à fronteira com a Finlândia, até 2017. Todos os pedidos de vistas de seu processo ou perdão pelo governo russo foram categoricamente recusados até o momento.
A prisão de Khodorkovsky, apesar de muitos considerarem uma vitória de Pirro de Vladimir Putin, cristalizou o retorno inequívoco do Kremlin a um “quase-monopólio” sobre as imensas reservas energéticas russas, evocando, ao menos parcialmente, os tempos de domínio absoluto do sector pela antiga União Soviética. Além disso, também serviu como um importante recado de Putin aos demais oligarcas: As empresas que estes bilionários detem ( adquiridas – Na sua imensa maioria – através da ilegalidade durante a era Yeltsin, diga-se de passagem ) apenas permanecerão como os actuais donos enquanto estes colaborarem com o governo. Caso contrário, perderão tudo. Inclusive a própria liberdade.
Uma das principais políticas de Vladimir Putin é promover as empresas petrolíferas russas – estatais ou privadas, não importa – em “national champions”. Em outras palavras, corporações de âmbito global que operam nos mais diversos países, projectando desta maneira os próprios tentáculos geopolíticos do Kremlin mundo afora. Assim o fazem as empresas americanas – do sector de energia ou não -há muitas décadas. A maior empresa petrolífera privada da Rússia, a Lukoil, actua em lugares tão díspares como Iraque, Irao, Bélgica, Bulgária, Turquia, Colômbia, Venezuela, Uzbequistão e Egipto. Além de ser dona de milhares de postos de combustível nos EUA, quando adquiriu as operações da Getty Oil em 2000 e as operações da Exxon-Mobil em Nova Jersey e Pensilvânia em 2004.
Os russos, desde os tempos czaristas, sempre viram com enorme desconfiança a participação de estrangeiros no “seu” petróleo. Vladimir Putin, a contragosto, aprovou a aquisição de 20% da Lukoil pela americana ConocoPhillips em 2004, assim como 50% na TNK também em 2004 pela inglesa BP. A francesa Total é dona de 12% da Novatek, segunda maior empresa de gás natural do país. Apesar desta “invasão estrangeira” aos olhos de Vladimir Putin, que chegou a dizer que o acordo assinado entre a russa TNK e a londrina BP mais se assemelhava a um “tratado colonial”, os russos sabem que não há outra saída. A Rússia possui reservas de hidrocarbonetos valiosíssimas, mas localizadas em territórios inóspitos, com clima inclemente a maior parte do ano, cuja obtenção com eficiência e segurança ambiental só pode ser obtida mediante a participação de empresas estrangeiras, detentoras de tecnologia de perfuração e extração em condições extremas de temperatura e profundidade que os russos ainda não possuem.
Em Agosto de 2011, foi anunciada uma parceria estratégica para a exploração do Mar de Barents, considerado a “Arábia Saudita do Ártico”, entre a estatal Rosneft e os eternos “inimigos americanos” da Exxon-Mobil, não apenas a maior empresa de petróleo do planeta, mas a mais valiosa dentre todas as empresas do mundo. Em Abril deste ano, a italiana ENI, velha parceira dos russos desde os tempos soviéticos, também confirmou a sua participação no projecto. Além disso, deve-se mencionar a faraonica empreitada, a tapas e pontapés entre o Kremlin e a Shell desde 2002, nas Ilhas Sakhalinas, reserva de enormes depósitos de gás natural de imenso potencial economico. O Japão está logo ali, a poucos quilometros de distância ao sul, e necessita desesperadamente de novas fontes energéticas, após a hecatombe com o reactor nuclear de Fukushima. Segundo especialistas, é altamente provável que os japoneses sejam forçados a abdicar de grande parte das suas usinas nucleares, face à sempre iminente possibilidade de novas tragédias naturais. Para não perder tempo, a Mitsui e a Mitsubishi juntaram-se a Shell e a Gazprom em 2006. A condição dos russos à participação estrangeira invariavelmente é: Aos russos, sempre com a maior fatia de lucros futuros, mas sempre com os menores custos operacionais – sempre gigantescos – em projectos desta envergadura. Assim que iniciar à distribuição de gás natural sob, muito provavelmente, a forma LNG, Coreia do Sul, China e até a Índia – economias altamente dependentes da importação de energia – certamente serão prospectadas como futuros clientes.
Portanto, por mais que o Kremlin saiba que é fundamental diversificar e modernizar a economia russa para um maior desenvolvimento do país como um todo – e alguns passos, um tanto modestos ainda, estão a ser dados nesta direcção, como o fomento às indústrias de alta tecnologia e sector de serviços – não resta sombra de dúvida quanto ao profundo “gosto russo” pela riqueza que sempre o alimentou e que provém das profundezas de seu subsolo, desde os tempos preteritamente longevos: O velho e valioso petróleo.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Fomos Heróis

 

Dirigido por Randall Wallace (roteirista de Coração Valente, que rendeu Oscars de melhor filme e diretor a Gibson em 95), Fomos Heróis reconta a primeira batalha da Guerra do Vietnã, travada no vale de Ia Drang em novembro de 1965, utilizando-se dois fronts: o drama dos combatentes e a agonia de suas mulheres que ficaram para trás. "Queria fazer um filme sobre os veteranos do Vietnã, homens que arriscaram suas vidas por um país que literalmente cuspiu neles na volta", explica Gibson ao Estado. "Muita gente condenou os soldados, mas poucos pararam para pensar que eles é que fizeram o serviço sujo do futebol político criado na época. Acho Apocalypse, Platoon e O Franco-Atirador filmes que ainda são interessantes e válidos, mas eles enfatizam um cinismo que não condiz com a verdade. Nosso filme foi criado para devolver aos soldados e suas mulheres o grato conhecimento de seus sacrifícios." Falando e interpretando com John Wayne (foram inúmeras as comparações feitas pela imprensa americana da caracterização de Gibson com a de Wayne, em Os Boinas-Verdes), Gibson recria o personagem real do tenente-coronel Hal Moore, que comandou um pelotão de 79 soldados estabelecidos na Zona de Pouso Raio X. O relato desse episódio ocorreu somente em 1990, quando o fotógrafo de guerra Joseph Calloway, que acompanhava o pelotão de Moore, vendeu sua história para a revista americana U.S. News & World Report e faturou o prêmio Pulitzer. Dois anos mais tarde, Calloway e Moore lançaram o livro We Were Soldiers Once... and Young. Apesar do conflito no vale de Ia Drang ter durado um mês, Fomos Heróis acompanha quatro dias da prolongada batalha, que deixou 235 soldados americanos mortos (e mais cerca de 245 feridos) e 2 mil combatentes vietnamitas abatidos. "O Exército americano desembarcou em Ia Drang em desvantagem: eram cinco vietnamitas para cada um dos nossos", explica o cineasta Wallace, que disse ter feito um filme apolítico. "O barulho era incrível, o cansaço interminável", lembra o tenente-general Moore, hoje com 80 anos. "Mas, mesmo assim, nosso inimigo sempre foi respeitado. Era uma coisa horrível, a imprensa sensacionalista americana os apelidaram de macacos orientais. Na verdade, eles estavam determinados a lutar pelo seu próprio país da mesma maneira que a gente." Moore e Calloway execram os filmes sobre o Vietnã. "São todos uma porcaria. Em especial Platoon, de Oliver Stone, que junta tudo o de mais ruim na guerra - estupradores, maconheiros, assassinos de crianças - e os coloca no mesmo balaio." Calloway, por sua vez, diz que conheceu o comandante do pelotão em que Oliver Stone lutou no Vietnã. "Depois de ver o filme, esse comandante veio me dizer que nada daquilo tinha acontecido, que nunca os oficiais de seu pelotão fumaram maconha com os soldados", explica o fotógrafo. "Platoon é um filme sobre o que se passa na cabeça de Oliver. E o mais engraçado de tudo é que meu amigo disse que Oliver foi um grande soldado: ele recebeu duas melhalhas Coração Púrpura por ferimentos e um estrela de ouro em V, por valor em combate. Não sei o que se passava na cabeça dele quando escreveu o filme." No front doméstico, Julie, mulher de Hal Moore, é quem assumiu a tarefa de bater de porta em porta para avisar suas colegas da morte de seus maridos. "É inacreditável o quanto essas mulheres sofreram", explica a atriz Madeleine Stowe, que interpreta a mulher de Gibson no filme. Na capa original do livro We Were Soldiers, numa foto clicada por Peter Arnett, que mais tarde se tornaria o famoso correspondente de guerra da CNN, foi estampada a imagem de um dos soldados do pelotão de Moore: Cyril R. Rescorla. Mas esse veterano, que virou chefe de segurança do banco Morgan Stanley e trabalhava numa das torres do World Trade Center, acabou sendo uma das vítimas dos ataques terroristas de 11 de setembro.