Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

Deus seja louvado.

Técnicas e processos; métodos e instrumentos de ofícios pelo qual domina as atividades humanas.

terça-feira, 31 de maio de 2016

Eterna vigilância: o preço da liberdade


21.5.2016 -    Os destinos do mundo estão sendo decididos em acontecimentos dos nossos dias. Em sua histórica visita aos Estados Unidos, o papa Francisco defendeu a criação de leis para proteção da família. Curiosamente, isso ocorreu em um dia de sábado (26 de setembro de 2015), no chamado “Independence Hall”, na Filadélfia, onde foram assinadas a Constituição Americana e a Declaração de Independência da nação. Ali ele pediu que se façam leis que garantam “as condições mínimas e necessárias para que as famílias” sejam fortes. O papa disse que “não há futuro sem leis em favor das famílias” (para saber mais, clique aqui).
O pedido do papa fica mais claro quando é visto à luz de sua defesa do fim do trabalho aos domingos, em benefício da família. Em discurso proferido na Universidade de Molise, em Campobasso, sul da Itália, em 5 de julho de 2014, com o título “Encontro com o mundo do trabalho”, ele disse que a questão do domingo tem que ver com “conciliar os tempos do trabalho com os tempos da família”. Ele disse: “Chegou o momento de nos perguntarmos se trabalhar no domingo é uma verdadeira liberdade”.
Por outro lado, a eleição americana deste ano não tem sido uma surpresa. A religião tem exercido forte influência sobre candidatos e eleitores. Pesquisa do Pew Research Center mostrou que, para dois terços dos republicanos o presidente dos Estados Unidos precisa ter crenças religiosas bem definidas. A mesma ideia é compartilhada por 40% dos democratas.
Apesar de a separação entre Igreja e Estado ser prevista na Constituição, a maioria dos americanos acredita que as duas coisas precisam estar entrelaçadas quando o tema é a presidência da nação (veja mais em “Religion and the 2016 Presidential Election”).
Por isso, os políticos falam frequentemente sobre temas religiosos. Donald Trump tem se manifestado contra os muçulmanos por causa da religião. Ted Cruz dizia que os não cristãos são antiamericanos. Em campanha, Hillary Clinton fala claramente de sua vida devocional como metodista. O religioso Franklin Graham, afirmou pela CNN que, nesse contexto, “só Deus pode salvar a América” (leia mais em “America is overdosing on religion”).
Acontecimentos recentes e as declarações religiosas dos políticos americanos, nesse contexto, tornam bastante atual a advertência contida na frase “O preço da liberdade é a eterna vigilância”. Atribuída casualmente a Thomas Jefferson, a frase foi usada em discurso do abolicionista Wendell Phillips, em 28 de janeiro de 1852. No entanto, a lapidar expressão já era conhecida antes. De toda forma, ela expressa bem claramente os ideais de liberdade e independência da cultura americana de origem protestante. Os religiosos fiéis à Bíblia sempre temeram a emergência de um poder governamental que pusesse em risco a liberdade conquistada a tão alto custo, o que apela à vigilância.
Os desdobramentos da guerra contra o terrorismo têm levado culturas no mundo todo, não só a nação americana, a colocar a religião no centro das questões públicas e a considerar a segurança mais essencial que a liberdade. Isso tem aberto caminho para o poder político avançar no controle e regulação do nível de emancipação da sociedade. Trata-se de uma realidade onde quer que o terrorismo tenha sido capaz de manifestar seu poder. A aproximação da religião em relação ao poder político é uma questão-chave nas profecias.
Quando se fala das predições bíblicas relativas ao fim dos tempos e sua conexão com os poderes políticos ocidentais depara-se necessariamente com Apocalipse 12 e 13. Os adventistas do sétimo dia, desde 1851, relacionam a chamada “besta de dois chifres” (Ap 13:11) ao poder americano. Com sua aparência de “cordeiro”, a besta de dois chifres se encaixa muito bem com a nação americana, originalmente fundada sobre princípios republicanos e protestantes, os quais devem garantir liberdade civil e religiosa.
É importante considerar que, apesar de os adventistas acreditarem que os Estados Unidos sejam o poder representado na besta que surge da “terra” (Ap 13:11), a primeira ocorrência do símbolo “terra” no Apocalipse é positiva (Ap 12:16). João diz que a “mulher” pura (símbolo do povo de Deus) seria perseguida, naturalmente no Velho Mundo, durante 1.260 anos (Ap 12:6, 14). Porém, depois ela encontraria um lugar seguro na “terra”, presumivelmente o Novo Mundo. Ao usar a expressão “a terra, porém, socorreu a mulher; e a terra abriu a sua boca” (Ap 12:16), o profeta usou a palavra “terra” claramente de forma simbólica. Nesse caso, “terra” é um símbolo da América, onde os cristãos fiéis à Bíblia puderam se refugiar longe das garras do “dragão”, símbolo do poder perseguidor encarnado no catolicismo medieval europeu.
Nessa perspectiva, na profecia, a América é primeiramente um aliado do povo de Deus. Foi na América que os protestantes fundaram uma nação sobre o princípio da liberdade de consciência. A Revolução Americana (1776) foi a primeira e a mãe de todas as revoluções modernas, incluindo a Francesa (1789). E a América será uma aliada dos fiéis de Deus, representados pela mulher pura (Ap 12:1), até que essa nação renuncie a seus princípios originais como defensora da liberdade de consciência. Infelizmente, isso está profetizado.
Nesse tempo futuro, a besta de dois chifres, que parece “cordeiro” e que surge da “terra”, entrará em ação como aliada do “dragão” (Ap 13:11). Ou seja, a nação protestante originalmente devotada à liberdade vai se aliar ao antigo poder intolerante. Nisso, a profecia indica que o poder perseguidor vai, de fato, se instalar na mesma região do mundo onde os protestantes fiéis à Bíblia encontraram refúgio. Essa região é definida na profecia pelo símbolo “terra” (Ap 12:16; 13:11).
Ao longo da história americana a emergência de um poder absoluto e perseguidor, no seio da própria nação, sempre foi temida e esperada. Diversos filmes de Hollywood, como 1492: A Conquista do Paraíso,O Novo Mundo e Independence Day, entre tantos, retratam o levantar-se de uma corrente, especialmente no campo da política, capaz de reverter o processo de emancipação e instaurar o caos na ordem do Novo Mundo.
Em 1869, em um discurso intitulado “O lugar de nosso país na História”, o rabino americano Isaac M. Wise declarou que os chamados “pais puritanos”, George Washington e os revolucionários do século 18 foram “instrumentos escolhidos nas mãos da Providência, para girar a roda dos eventos em favor da liberdade para sempre; e eles provaram a dignidade de sua missão, de sua obra imortal”. O rabino acreditava que a propagação dos ideais da Revolução Americana pudesse quebrar as cadeias da opressão em todos os países do mundo. Disse que os autores da Constituição eram sábios em confrontar o destino da nação e honestos para expressar sua plena convicção. Segundo ele, “o povo dos Estados Unidos, ao aceitar essa Constituição, havia formalmente e solenemente escolhido seu destino, para ser então e para sempre o paladino e o porta-voz da liberdade divinamente nomeado, para o progresso e a redenção da humanidade” (citado por Robert N. Bellah, em Broken Covenant: American Civil Religion in Time of Trial[Chicago: University Chicago Press, 1992], p. 40).
Como a nação americana atua para o progresso da liberdade e dos direitos humanos de todas as nações e pessoas sem privilégios no mundo, é importante reconhecer, como fez Ellen White, que a mão de Deus guiou muitos dos chamados “pais peregrinos” em suas experiências nas colônias do Novo Mundo. Isso ocorreu porque eles estavam em busca de uma “nova terra” onde pudessem manter a liberdade de consciência e a fidelidade a Deus acima de tudo (O Grande Conflito, p. 291). Esses princípios e valores se tornaram um legado americano para o mundo, e são a marca da bênção de Deus sobre essa nação.
Ellen White disse inclusive que “a maior e mais favorecida nação sobre a terra é os Estados Unidos” e que “a Providência blindou esse país e derramou sobre ele a mais desejada bênção do Céu”, porque, segundo ela, “aqui os perseguidos e oprimidos encontraram refúgio. Aqui a fé cristã em sua pureza foi ensinada” (Spirit of Prophecy [Battle Creek, MI: Steam Press of the Seventh-day Adventist, 1870], 4:398).
Curiosamente, o rabino Isaac Wise também disse que “nada pode deter nosso progresso, nada pode arrastar nosso país para baixo de seu lugar de destaque na história, exceto nossa própria maldade realizando uma deserção voluntária de nosso destino, a deserção do ideal de liberdade”. Ele acreditava que, contanto que o povo dos Estados Unidos se apegue a esse ideal de liberdade, “esse povo permanecerá em honra, glória, riqueza e prosperidade” (citado por Bellah, 1992, p. 41).
No entanto, as mudanças na cultura norte-americana, nas últimas décadas, sinalizando um apego crescente às liberdades pessoais não para servir a Deus, mas para o prazer (drogas, sexo, rock and roll) indicam que essa “deserção” pode ser uma realidade iminente. Por outro lado, a troca da liberdade pelasegurança no contexto do terrorismo mostra que esse povo não mais parece solidamente firmado nos antigos ideais. Nisso, os americanos são seguidos por grande parte do mundo ocidental.
De fato, a liberdade só pode ser mantida mediante permanente vigilância. Além disso, só é preservada se for bem utilizada.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

16 mitos sobre a vida no Irã que você precisa esclarecer hoje

Irã7
 









ass-carolineBrasileira que viveu três anos no Oriente Médio, vem esclarecer alguns dos mitos que o mundo ocidental continua cultivando com relação a esta região e, principalmente, acerca de um país em especial: o Irã. Um testemunho que não deve perder, porque melhor do que ficar com as ideias que passam para este lado, é escutar quem conheceu o lado de lá.
Sem dúvida, o Irã, ou Pérsia, como antigamente era conhecido, é o país mais injustiçado pela opinião pública. Confesso que antes de conhecer este país, eu não tinha nada de bom para falar. No entanto, depois de ter morado três anos em Teerã, de ter conhecido verdadeiramente o país e seu povo, hoje vejo como a maioria das pessoas (até mesmo jornalistas) pouco sabem sobre o assunto. É como se todos os problemas de diferentes países do Oriente Médio tivessem agora a mesma origem (o Irã) e que o posicionamento de seu governo refletisse a opinião do povo iraniano.
Dentre os muitos paradigmas e preconceitos, elenquei abaixo os que mais frequentemente ouvi e destaquei o país de onde verdadeiramente veio o mito. Dá uma olhada:

1. As mulheres vestem burca

Não há mulheres vestindo burcas! Provavelmente você nem saiba o que é uma burca. A burca é o traje que cobre totalmente a mulher (inclusive o rosto) e é usado majoritariamente no Afeganistão. Todas as mulheres no Irã mostram o rosto. A vestimenta no país varia entre: Chador (o mais conservador – um lençol negro jogado por cima de todo o corpo),Maghnaeh (é tipo um capuz, usado especialmente nas instituições de ensino e por trabalhadoras em estabelecimentos comerciais) e o simples lenço cobrindo parcialmente os cabelos, valendo inclusive estampas coloridas. Minha roupa do dia a dia era jeans, All-Star (super popular entre as iranianas), camisete longa e lenço. Sim: estrangeiras também devem usar algo sobre os cabelos.

2. É um lugar perigoso. Há atentados terroristas.

Em questão de segurança, o Irã muitas vezes é associado à situação dos países que fazem fronteira com ele, tais como Paquistão, Afeganistão e especialmente Iraque. No entanto, o país é dos mais seguros em que estive. Pessoas contam dinheiro na rua, joalherias abrem sem ter seguranças e bancos não tem porta com detector de metais. Eu andava sozinha nas ruas, dia ou noite, e nunca tive qualquer problema no país.

3. As pessoas andam em camelos

Os únicos camelos que eu vi foram uns decorados com “pompons” para turistas pagarem para andarem neles. Além disso, há criação de camelos, mais para consumo da carne do que para transporte de cargas. Querendo ver camelos do seu imaginário, recomendo ir ao Rajastão, na Índia.

4. O clima é sempre muito quente

O calor forte restringe-se aos 3 meses do verão. As 4 estações do ano são bem marcantes, com uma primavera de muitas flores, um outono com plátanos em vários tons laranja e um inverno com frio e neve. Acredite: há várias estações de esqui no Irã e os preços são atrativos comparados com outras estações de esqui pelo mundo.

5. Não há marcas/produtos internacionais disponíveis

Diferente do que se imagina a respeito das sanções aplicadas ao Irã, o cidadão local tem acesso a quase tudo, inclusive marcas americanas, como Coca-Cola (nas versões normal, diet e zero) e Pepsi. Há até lojas oficiais de marcas internacionais, como por exemplo: Adidas, Nike, Salomon, Mango, Esprit, Geox, Benetton, WMF, LG, Samsung, Porche, Crocks, etc, e até marcas brasileiras como Tramontina e Yogoberry. No entanto, não existem franquias americanas de alimentos, tais como McDonalds, Pizza Hut e Burguer King. Nesta onda de marcas internacionais, a grande sensação de Teerã foi a inauguração da loja Victoria Secrets em uma das avenidas mais importantes da capital.

6. Só a religião islâmica é permitida

A constituição iraniana reconhece 3 outras religiões monoteístas além do islamismo: o cristianismo, o judaísmo e o zoroastrismo. São religiões respeitadas, porém, consideradas arcaicas, já que Deus teria enviado, através de Maomé,  a versão “mais recente” de seus ensinamentos. Maomé e o Alcorão são posteriores à Bíblia, e portanto seriam a palavra final de Deus. Já as religiões que surgiram posteriores a Maomé, como a Bahai, não são bem aceitas, possivelmente por colocarem o islamismo na mesma condição de “desatualizada”.

7. Os iranianos são árabes

Este erro é bastante comum entre os ocidentais e motivo de grande ofensa para os persas. Possivelmente a confusão surge pelo fato de árabes e persas seguirem a mesma religião, de grande parte dos países árabes estar no Oriente médio e pelo nome Irã e Iraque ter uma sonoridade parecida. No entanto, os iranianos não vêem motivos para este equívoco, e proferem uma lista interminável de diferenças que os distinguem como um povo único: possuem uma cultura milenar, possuem famosos filósofos e poetas, são originários da raça ariana, têm uma língua própria (com origem indo-européia), culinária distinta, etc.

8. Os iranianos falam árabe

Apesar do alfabeto ser praticamente igual ao árabe (há algumas letras que são exceção), a língua e a gramática são totalmente diferentes. Um exemplo interessante é o fato da língua árabe não ter o som do “p”, que na língua farsi (ou persa) é comum.

9. O país vive uma completa ditadura

Cargos políticos como presidente ou parlamentares são eleitos por voto direto. Homens e mulheres podem votar, sem restrições. No entanto, acima do presidente está o Líder Supremo Religioso, que tem o poder de vetar em última instância eventuais medidas que desagradem a religião islâmica. O Líder Supremo também pré-aprova os candidatos que disputarão as eleições.

10. As mulheres não podem dirigir

Este é um mito adquirido da Arábia Saudita, único país islâmico que não permite que mulheres dirijam. No Irã, mulheres dirigem normalmente e, assim como no Brasil, há piadinhas machistas quanto a “habilidade” delas no comando de um carro.

11. As mulheres não têm direitos

Muito da fama das supostas restrições impostas às mulheres no Irã vem da situação delas na Arábia Saudita. No Irã, mulheres podem votar, trabalhar, serem eleitas a cargos políticos, dirigir, estudar (inclusive são maioria nas universidades). Porém, no Irã, ainda não podem: cantar sozinhas na frente de homens (exceto coros), sair do país sem a autorização do pai ou marido, serem eleitas para presidente e serem juízas. Em juízo, o testemunho de uma mulher vale metade do do homem.

12. Homens casam com várias mulheres

Pelo islamismo, um homem pode ter até quatro esposas simultaneamente, desde que possa sustentá-las decentemente e que as trate igualmente. Como o Irã é uma república islâmica, a regra também vale para o país, PORÉM, a primeira mulher deve concordar com tal decisão. Em vilas remotas isso pode até ser encontrado, mas nas cidades, as famílias são muito matriarcais e mulheres estão no comando. Não conheci mulher alguma que tenha aceitado a proposta do marido casar com mais mulheres. Os homens nem tentam…

13. Não há festas

De fato não há discotecas, mas as festas ocorrem nas casas, escondidas, com muito som, bebidas e, acreditem, roupas minúsculas (mini saias e tops são os preferidos das iranianas)! Até para uma brasileira os modelitos espantam!

14. Os iranianos não gostam de estrangeiros

Super errado pensar isso! Os iranianos são um dos povos mais hospitaleiros que existem e adoram receber estrangeiros. Não é difícil acontecer de um iraniano convidar um desconhecido turista para tomar um chá em sua casa. E não estranhe também se eles quiserem trocar telefones, e-mails e tirar fotos com você.

15. Não há Facebook

Oficialmente não há mesmo. Sites como Facebook, Twiter, blogs são censurados. No entanto, com as tecnologias de VPN e anti-filtros, todos têm acesso e perfis nestes sites. Muitos estabelecimentos comerciais (lojas e restaurantes), ao invés de terem um endereço web na internet, preferem ter um perfil no Facebook (grátis e fácil de usar).

16. Não possuem tecnologias avançadas

Especialmente na área de nanotecnologia e nuclear, o Irã tem tecnologia superior à brasileira. O número de engenheiros / habitantes formados no Irã é um dos mais altos do mundo.

A arriscada política da Arábia Saudita

O rei Salman conversa com seu filho Mohamed Bin Salman, em 2012. 16.1.2016  -  Às vésperas da chegada ao poder do rei Salman completar um ano, a Arábia Saudita gerou mais manchetes que durante toda a década anterior. E não (apenas) sobre a lamentável situação dos direitos humanos ou a segregação das mulheres, mas também, surpreendentemente, por sua política externa. Com a intervenção no Iêmen, o novo monarca deu uma guinada na tradicional discrição que o Reino do Deserto até então adotava para fazer seus interesses avançarem e minar os de seus rivais. A tal ponto que no mês passado o serviço secreto alemão (BND) tomou a decisão, não usual, de emitir nota alertando que o país se arrisca a desestabilizar o mundo árabe.
O BND atribui a nova política de “intervenção impulsiva” às lutas internas dos Al Saud e ao desejo de liderar o mundo árabe. Uma semana somente depois de subir ao trono, Salman redistribuiu o poder entre os diferentes ramos da família real, pondo homens de sua confiança no sistema de segurança. Mas a nomeação mais importante foi a de seu filho favorito, Mohamed Bin Salman, como segundo na linha sucessória, ministro da Defesa e presidente da macrocomissão encarregada da reforma econômica e da empresa nacional de petróleo, Aramco.
Nunca antes um príncipe tinha acumulado tanto poder. Isso e sua juventude -apenas 30 anos numa sociedade que vincula a idade à sabedoria (o rei tem 80)- provocaram receios, levando até a que príncipes de destaque escrevessem cartas pedindo a substituição do monarca. Muitos analistas atribuem à inexperiência de seu filho as decisões mais arriscadas, como a guerra no Iêmen.
Logo ficou claro que o Iêmen era só o começo. A doutrina Salman, como a batizou o colunista saudita Jamal Khashoggi, estende-se por toda a região. Quase ao mesmo tempo que Riad montava a todo vapor a coalizão para frear os rebeldes Huthi num país que considerava como seu quintal, tentava também formar uma força militar árabe e reforçar economicamente seus aliados sacudidos pelas primaveras, em especial o Egito. Mais recentemente anunciou uma grande coalizão islâmica de combate ao terrorismo de tão incerta materialização como o outro projeto. Também na Síria, onde desde 2011 financia grupos contrários a Bashar al-Assad, redobrou sua aposta, com a criação de uma nova força para se juntar a eles, a Jaish al Fatah. Essa repentina necessidade de tomar a iniciativa e agir vem da convicção da monarquia de que os Estados Unidos, seu protetor histórico (e o Ocidente em geral), abandonaram o reino face ao extremismo do Estado Islâmico (EI) e do expansionismo do Irã. A obsessão com esse vizinho não árabe com que a Arábia Saudita disputa a hegemonia   regional chegou ao paroxismo e é subjacente ao enfrentamento sectário entre xiitas (apadrinhados por Teerã) e sunitas (patrocinados por Riad), que faz o Oriente Médio sangrar.
Numerosos sauditas, e não apenas da família governante, sentem que o Irã se beneficiou das mudanças estratégicas ocorridas na região desde o início deste século. As intervenções militares dos EUA no Afeganistão (2001) e no Iraque (2003), as revoltas da primavera árabe (2011) e, finalmente, o acordo nuclear foram derrubando os muros que continham o regime iraniano, que tem estendido sua influência graças à afinidade religioso-cultural com as comunidades xiitas. Por isso a maioria aplaudiu a intervenção no Iêmen, incluindo os islamitas (sunitas) dissidentes.
Pela mesma razão, fora da minoria xiita (cerca de 10% dos 20 milhões de sauditas), há críticas apenas à recente execução do xeque Nimr Baqr al Nimr, que provocou o último atrito com o Irã e o rompimento das relações diplomáticas. No exterior, alguns observadores comparam o reino a um animal ferido e falam numa saída adiante capaz de desencadear uma guerra. Isso não interessa aos Al Saud, concentrados em preservar o poder nas mãos da família. “Uma guerra entre Arábia Saudita e Irã [seria] o começo de uma catástrofe maior na região e teria graves efeitos sobre o resto do mundo”, admitiu o príncipe Mohamed em entrevista à revista The Economist. “Não permitiremos isso.”
Na verdade, a maior ameaça ao regime saudita não vem da outra costa do golfo Pérsico, e sim dos ultraconservadores de sua própria maioria sunita, entre os quais historicamente busca sua legitimidade. Esses setores, hostis ao Irã xiita e aos ativistas que, como o xeque Al Nimr, defendem os direitos civis, são ideologicamente muito próximos dos extremistas que já atacaram o reino, primeiro sob a bandeira da Al Qaeda e mais recentemente, do EI.
Assim, para a monarquia, reanimar a tradicional inimizade com o Irã e com os xiitas tem também uma utilidade interna –mostrar-lhes que está do seu lado e que não precisam de outro padrinho. Especialmente num momento crítico como o atual, em que o delicado processo de sucessão dos filhos pelos netos de Abdulaziz Ibn Saud, o fundador do moderno reino saudita, coincide com uma situação econômica que exige profundas reformas devido aos baixos preços do petróleo.
Esse maná financiou um generoso Estado de bem-estar, que os sauditas consideram um direito de nascença, em troca de renunciar à participação política. Com o barril de petróleo rondando os 30 dólares, é impossível manter um sistema que, além de ser muito caro, gera indolência e apatia entre seus beneficiários. O desafio que precisa ser enfrentado por Salman, que o delegou a seu filho, é conseguir a transformação de uma economia rentista numa moderna e competitiva, sem ceder o poder absoluto da família. Por isso, busca o apoio público.
O confronto com o Irã é uma aposta muito perigosa. Sem tirar do último sua cota de responsabilidade em algumas crises regionais, corre o risco de aumentar seu envolvimento até onde é mais baixo do que se pretende e de converter o sectarismo num monstro com vida própria. Mesmo descartando o extremo da guerra entre os dois rivais, as consequências da deterioração de suas relações já afetam a região.
Mais evidente que tudo é a incapacidade de cooperação entre os dois na luta contra o Estado Islâmico, um inimigo comum. Enquanto Teerã o considera fruto da ideologia wahabita (estrita interpretação do islamismo oficial no reino) e do financiamento pelas petromonarquias, Riad o vê como reação à brutalidade de Al-Assad na Síria e às políticas sectárias do ex-primeiro-ministro Nuri al Maliki no Iraque, ambos aliados do Irã. Isso alimenta o receio saudita frente à pressão ocidental para chegar a um acordo com o presidente sírio que permita derrotar o EI, o que, em sua opinião, daria asas ao Irã.  Embora a disputa se estenda a outros conflitos na região, é na Síria que se disputa a partida principal. As próximas conversações sobre esse país, previstas para Genebra antes do fim do mês, mostrarão até que ponto há a vontade de chegar a um compromisso, ou há o risco de a má vontade se tornar um (perigoso) modo de vida. As mensagens até agora são contraditórias.

Amor Árabe - Cuidado com namoros virtuais !

Hoje vou falar de um assunto bem sério que é o caso dos namores virtuais e mas especificamente com relação aos web romances  entre brasileiras e árabes. Para quem não conhece o blog eu namoro um sírio que conheci pela internet long ago ....

Os meus últimos namorados eu conheci pela internet um brasileiro e claro o habibi sírio, e namorar pela internet se tornou uma coisa normal pois nossa vida virtual as vezes ocupa mais o nosso precioso tempo do que a nossa vida real.

Dada a modernidade dos nossos dias tudo é feito pela internet e claro namoramos também pela web e quem nunca que teve um namorado virtual que atire a primeira pedra !!!!

Muitos destes namoros virtuais se tornam reais e muitos web lovers se apaixonaram na vida real e casaram e formaram uma família "normal" como  aqueles que se conheceram em carne e osso primeiro.

Os namoros virtuais costumam dar em nada, dar em ficadas, em rolos, namoros e por fim casamento ou simplesmente passam .... mas muitas pessoas são vitimas de criminosos e acabam roubadas, usadas e até mesmo mortas como foi o caso daquela funcionária pública de Brasília que se matou e antes fez um seguro de vida milionário em nome do "namorado" que ela conheceu na net e muitas outras que fizeram dívidas, perderam bens e até o emprego!!!!

Tem muitas reportagens sobre o assunto na internet enfim todo mundo já deve ter ouvido falar de alguém que sofreu algum tipo de golpe de falsos Don Juans da internet mas o problema é que nós temos a idéia de que isso nunca vai acontecer com a gente, só com quem esta longe e nos achamos muitos espertos e que nunca cairíamos em golpes assim. E muitas não denunciam por vergonha !!!

Mas a verdade é que muita gente cai, gente instruída, estudada, com informações mas que em um momento de fraqueza se deixam levar por meia duzia de palavras meigas de um desconhecido que parece ser aquele príncipe encantado que ela sempre sonhou. Parece bobeira mas é verdade que quem fica a procura de potenciais vitimas em salas de bate-papo, sites de relacionamentos etc tem tempo disponível para encontrar a presa e geralmente tem uma boa lábia e sabe detectar as fragilidades e investe pesado naquela mulher carente e é ali que safado se faz pois ele começa a falar tudo o que moça quer ouvir e se ela der bobeira ele crew e acaba com a vida financeira, emocional e psicológica da mulher.

Tah e como os árabes se enquadram nisso? Meu eles, são uns dos  grupos de homens que mais ficam atrás de uma presa ocidental, de preferência de  um país rico ou emergente como o nosso caso. E por que ? Bem em primeiro lugar eles querem casar para conseguir um visto de residência em um país com condições melhores que o país deles e segundo porque muitos querem mesmo é extorquir mulheres e eu vou explicar bem direitinho. Os árabes que mais procuram mulheres ocidentais para casar com objetivo de usa-las para conseguir um visto de permanência em um pais mais rico, são aqueles que estão na faixa dos 20-35 anos, sem muita qualificação ou caso tenha diploma universitário sua profissão é pouco valorizada do pais de origem, são de países pobres com Egito (a maioria) Iraque, Síria, Jordânia, Marrocos,Tunísia, Argélia .... dificilmente  você vai encontrar alguém da área do golfo pérsico como sauditas, emaratis, cataris,kuwaitianos pois esses homens tem altos salários e não tem interesse em vir para o ocidente para começar do zero, ah não ser que ele seja de fora do golfo e não tenha um emprego tão bom assim lá e quer tentar a sorte no ocidente.

Meus queridos, dificilmente um árabe que tenha boas condições financeiras ficará na net atrás de estrangeiras para casar pois como ele é bem de vida conseguirá "comprar" uma ou até 4 belas e jovens esposas árabes e se vem para a net atrás de estrangeira é porque ele quer só farra e aventuras pois os árabes do golfo são muito soberbos por conta de terem um alto padrão de vida acham que podem comprar tudo e inclusive mulheres.

Eu tenho um amigo egípcio, o Ebrahim que é um querido e ele sempre me advertiu contra isso e sempre me falou tenha cuidado, o homem árabe mesmo que ele case com uma ocidental e vai ter uma esposa árabe também, cuidado se ele te pedir algo, se ficar muito interessado no seu salário, se tem bens e tal ....

Eu segui os conselhos do Ebrahim e fiquei sempre de olho aberto .... mas o Ahmed nunca me pediu nada e sempre deixei claro que não tinha nada de bens ou whatever.

Eles, os árabes que caçam possíveis casamentos para visto possuem cadastros em diversos sites de relacionamentos, muitas contas de msn e skype e tal pois eles costumam namorar várias ao mesmo tempo e aquela que for ao país dele ou bancar a viagem dele para a terra dela será a "sortuda ... que casará com  ele e muitas tem a horrível constatação da mudança repentina de seus doces homens árabes quando se casam com ele, e pior vem quando sai o visto de residência e os caras pedem o divorcio, volta pra as arábias casam com uma árabe novinha e vem morar no país da esposa que tirou ele da pobreza.

No caso do nosso país um estrangeiro só consegue o visto de permanência ou cidadania em caso de se casar com uma brasileira, ou ter filhos brasileiros com ela ou caso de quem é refugiando ou investidores.

No caso dele pedir o divorcio logo apos conseguir o visto de permanência ele pode perder-lo pois o visto dele que  está atrelado ao matrimônio contraído com cidadã brasileira e você pode denuncia-lo na Policia Federal que cassará a permanência dele e também o expulsará do Brasil.

Mas se você teve um ou mais filhos com ele aqui no Brasil ... ai minha filha não tem jeito, ele pode pedir divorcio, trazer a esposa árabe e ainda pode querer a guarda da criança ou pior sequestrar e levar para o pais dele e talvez nunca mais voce veja o seu filho.

Sei que muita gente quando está apaixonada não pensa nisso mas quando eu conheci meu namorado eu recebi estas dicas do Ebrahim e quero compartilhar com vocês pois eu não posso citar nomes mas eu tenho conhecimento de meninas brasileiras e estrangeiras que passaram por isso.

O ultimo exemplo é de um amigo meu árabe, que não é o Ebrahim e não vou falar o nome dele nem o país porque ele costumar ler o meu blog e vou tentar passar de um jeito que não fique tão obvio que se trata dele.

Pois bem, esse meu amigo morava em um pais rico do golfo mas teve quer sair de lá porque o visto venceu e não foi renovado e pelo que eu sei ele tinha uma vida de alto padrão lá ....mas desde que saiu de lá ele anda meio  pobrinho e tava atrás de um casamento com uma gringa para conseguir a permanência em um país mais rico enquanto isso ele estava de namorico com uma prima e queria até casar com ela !!! Até que semana passada ele me disse: _ me dê parabens pois eu vou me casar em um mês!!! Falei que maneiro, seus tios concordaram, já que a prima era bemm novinha. Dai ele me disse que era uma moça de um país de primeiro mundo, que ela iria para lá pra casar com ele e que em breve ele estaria trabalhando na mesma empresa que a moça trabalha e tal.

Perguntei o que os pais dele achavam e ele respondeu que eles concordavam e que depois do casamento ele iria mandar buscar o pai e depois a família toda.

Ta na cara que os pais só deixaram pois querem ganhar a cidadania de um país rico e depois do tempo necessário, ele se divorcia, casa com uma árabe e traz ela para o pais ocidental e caso tenha filhos com a moça ainda pode querer tira-lo dela.

Ele me mostrou as conversas de msn e as fotos dela ... uma moça branquela, de cabelos loiros e roupa de periguete ..... ficou obvio que nunca ele se casaria ou os pais muçulmanos apoiariam um casamento assim se não fosse para obter uma cidadania de um país de primeiro mundo.

Cara eu adoro árabe e não tenho vergonha de falar, mas em quase 3 anos eu já vi e soube de cada coisa, e graças a Deus o Ahmed é um anjo mas eu sempre fiquei esperta, sempre pesquisei, fiz amizades com  os amigos, com a família.

Umas das primeiras coisas foi conversar com a família, perguntar não ofende!!! perguntei se eles concordavam com o casamento, com a minha não conversão ao Islam !!!! Gente peçam para falar com os pais, não aceite a  desculpa que os pais não falam inglês e se possível aprenda algumas frases em árabe mas por favor mantenham contato com os pais, irmãos e amigos .... procure saber onde ele trabalha, peça o telefone e dá uma ligadinha como quem não quer nada e certifique que ele trabalhe mesmo naquele local.

Fique atenta se ele pedir dinheiro para visto ou insistir em cara convite, pois o procedimento padrão das embaixadas do Brasil nos países do Oriente Médio e pedir certa quantia de dinheiro no banco, na Síria eu acho que teve ter uns 5.000 dólares no banco, mas passagem aérea e outras coisas que  podem mudar de país para país. Claro que seu habibi for do golfo ele não terá problemas para conseguir o visto pois geralmente ganha muito bem e se for de lá e pedir grana sai fora que é golpe .... pois como disse os homens do golfo são metidos a playboys e querem pagar por tudo, se um cara de lá de pedi algo ou queira largar o emprego lá, desconfie porque não é comum.

Desconfie tipo de voce tiver 35 anos e um cara tipo de 23 querer casar com voce ... pode ter certeza ou é golpe ou  ele quer casar para ganhar visto de permanência pois os árabes sempre se casam com mulheres mais jovens.

Para ganhar um dinheiro no mole sem casar nem nada, o cara que fica sempre  no msn disponível, te liga, fala coisas bonitas, que te ama e quer casar pra ter filhinhos e depois que conquista sua confiança começa a vir com papinhos que precisa de X euros para pagar para não ir para prisão ou porque a mãe precisa de remédios, médicos ou dinheiro para o visto ... se ele não tem tipo 10 dólares para pagar um visto para o Brasil no caso da Síria, esse cara não vai conseguir esse visto nem a pau e ainda te pede 400 dólares para um visto que  custa 10 dólares.... muito cuidado!!!!

Quando encontrar um habibi que te deixar sem ar .... amiga não fale que você pode viajar para lá com muita facilidade mesmo que seu cartão seja sem limite se possível nem fale em cartão ou quanto ganhe .... no mundo árabe que paga para casar é o homem que tem que um dote para noiva .... então não deixe ser enganada ou extorquida ....

Homem árabe que preste não vai querer seu dinheiro ou lhe causar mal algum então cuidado com esse Ali Babas da internet que ficam dia e  noite atrás de uma moça ocidental desavisada .... então abra bem os olhos!!!

Mas claro que existem muitos casos que deram certo, a internet ta cheia de blog sobre brasileiras casadas com árabes que deram certos porque elas foram sábias e não  se deixaram cair em ciladas.

Os árabes honestos são os melhores homens do mundo, doces, carinhosos, companheiros e lindossss mas tem que ficar atenta para que seu sultão não se torne o gênio mau da sua estoria de amor das arábias.

domingo, 29 de maio de 2016

Mais de um milhão de iraquianos já morreram sob a ocupação norte americana

26 de Fevereiro de 2010   Mais de 1,2 milhões de iraquianos sofreram mortes violentas desde a invasão em 2003, de acordo com um estudo realizado pelo prestigiado instituto de pesquisa britânico Opinion Research Business (ORB). Estes números sugerem que as mortes causadas pela invasão e ocupação do Iraque competem em número com os assassinatos em massa do século XX, o número de mortos no Iraque ultrapassa em 800 000 a 900 000 vítimas o genocídio em Ruanda, em 1994 e agora está já próximo ao número de 1,7 milhões de mortos nos famosos ´campos da morte´ do Khmer Vermelho, nos anos 70 do século passado.
O levantamento ORB cobre quinze das dezoito províncias do Iraque. Entre as áreas não abrangidas estão as duas regiões mais instáveis do país, Kerbala e Anbar, e a província de Arbil, no norte, onde o instituto foi proibido de pesquisar por parte das autoridades locais. Depreende-se em face de entrevistas com 2 414 adultos que mais de um em cada cinco tiveram uma morte em sua casa por causa do conflito.
Os autores, Joshua Holland e Michael Schwartz, constataram que a versão oficial, pela qual a violência contra os iraquianos é principalmente exercida pelos próprios iraquianos e não por tropas estadunidenses, é rejeitada. No seu relatório de Outubro de 2006, os pesquisadores da revista The Lancet inquiriram iraquianos sobre a forma como os seus parentes tinham morrido e 56% destas mortes foram atribuídas à acção das forças de Estados Unidos e seus aliados.
Schwartz observou que, se uma parte proporcional de metade das restantes mortes iraquianas foi causada por forças estadunidenses, o resultado final é que quase 80% do total dessas mortes foram causadas diretamente pelos Estados Unidos.
Mesmo tendo confirmado as estimativas mais baixas no final de 2006, ele descobriu que as forças estadunidenses são responsáveis pela morte, em média, de 5000 iraquianos por mês desde o início da ocupação. No entanto, a taxa de vítimas mortais em 2006, foi duas vezes superior à média, o que significa que a média de mortes causadas pelas tropas norte americanas nesse ano ultrapassou a cifra de 10.000 por mês, mais de 300 por dia. Como a onda de violência começou em 2007, a cifra atual é provàvelmente muito maior.
Schwartz disse que a lógica desta avaliação reside no número divulgado pelos militares dos Estados Unidos e liberado pela Brookings Institution: para os primeiros quatro anos de ocupação militar, cada dia mais de mil patrulhas foram enviadas para os bairros hostis com ordens para capturar ou matar ´insurgentes´ e ´terroristas´. (Desde Fevereiro de 2007, o número destas patrulhas ascendeu a cerca de 5.000 por dia se você computar as realizadas por forças iraquianas controladas por forças norte americanas). Em média, cada patrulha realiza trinta incursões em casas de iraquianos, com a missão de interrogar, capturar ou matar os suspeitos. Neste contexto, qualquer homem com idade para lutar não é apenas um suspeito, mas um adversário representando um perigo mortal. Assim são instruídos os soldados estadunidenses para não correr riscos.
Segundo as estatísticas militares norte americanas, também publicadas pela Brookings Institution, essas patrulhas atualmente disparam cerca de 3.000 tiros por mês, ou pouco menos de 100 por dia em média (sem contar os 25 outros disparados pelos aliados iraquianos). Milhares de rondas e patrulhas resultaram na morte de milhares de iraquianos inocentes, e muitas prisões de extrema brutalidade.
Refugiados: A crise ignorada
Tentativas por parte dos iraquianos para escapar da violência provocaram uma crise de refugiados que tomou proporções enormes. De acordo com relatórios emitidos em 2007 pelo Alto Comissariado das Nações para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 5 milhões de iraquianos foram deslocadas pela violência, a maioria das quais fugiram do país desde 2003. Estima-se que mais de 2,4 milhões tenham deixado suas casas para procurar abrigo em zonas mais seguras do país, 1,5 milhões estão refugiados na Síria, e mais de um milhão se refugiaram na Jordânia, Irão, Líbano, Turquia e países do Golfo.
Os refugiados no Iraque, cujo número aumenta a uma média de quase 100.000 por mês, não têm personalidade jurídica e nem oportunidades de emprego na maioria das províncias e estados onde estão refugiados e a sua situação é a mais desesperada. Porém, os iraquianos continuam a abandonar as suas casas em maior número do que aqueles que voltaram para casa, apesar das versões oficiais em contrário. Milhares de pessoas refugiadas acreditam que a segurança é tão má como antes e que o retorno significa morte. E a maioria dos que estão retornando rapidamente tornam a fugir.
Jornalistas da Al-Maki Nazzal e Dahr Jamail entrevistaram um engenheiro iraquiano trabalhando agora em um restaurante em Damasco, Síria: ´´Voltar ao Iraque? Não há mais retorno ao Iraque, caro amigo, o Iraque só existe em nossos sonhos e lembranças!”
Outro entrevistado disse ao autor: ´Os militares norte americanos dizem que Fallujah agora é segura, enquanto que 800 homens estão detidos lá sob as piores condições... Pelo menos 750 dos 800 presos do sexo masculino não são combatentes da resistência, mas pessoas que se recusam a cooperar com as forças de ocupação e seus fantoches auxiliares.
Outra refugiada de Bagdad, disse: ´Eu voltei à minha casa com minha família em Janeiro. Desde a primeira noite após a nossa chegada, os americanos investiram contra nossa casa e mantiveram-nos num quarto enquanto os atiradores subiam no telhado para fotografar pessoas. Decidimos voltar para cá [Damasco] na manhã seguinte, depois de passar uma noite de horror que não se esquece.´
Atualização Michael Schwartz
As estatísticas de mortalidade citados em ´´A ocupação norte americana do Iraque mata 10.000 civis por mês ou muito mais?” É baseado numa pesquisa de mortes causadas pela guerra no Iraque, publicado noutro artigo do Projeto Censurado. O artigo original, publicado em The Lancet em 2006, recebeu uma cobertura midiática desdenhosa antes de desaparecer por completo da vista dos leitores, enquanto a mídia começava a divulgar estimativas tendenciosas que colocavam o número de iraquianos mortos em um décimo do calculado pelo The Lancet. O bloqueio de informações exercido pelo consórcio da mídia se estendeu também para o meu artigo e não diminuiu em toda a mídia mundial, mesmo tendo o artigo do The Lancet resistido a vários ataques da crítica e mesmo quando outros estudos confirmavam ou atualizavam seu conteúdo.
No início de 2008, uma estimativa melhor, com base em extrapolações e reproduções de estudos do The Lancet revelou que 1,2 milhões de iraquianos já morreram por causa da guerra. Tanto quanto sei, este número foi aceite em todos os meios de comunicação nos Estados Unidos.
O bloqueio de informações sobre o número de vítimas tem sido acompanhado por outra forma de censura em outra evidência vital contidas no meu artigo: a estratégia militar do governo Bush no Iraque causou uma destruição física diária extensa e alta mortalidade. Os métodos de recrutamento exigem que milhares de patrulhas norte americanas, a cada dia, lutem contra qualquer ato hostil com enorme poder de fogo - de armas de grosso calibre, artilharia e operações aéreas, deixando para trás um rastro de sofrimento e causando muitas baixas entre a população civil -. Mas a grande mídia se recusou a cobrir o crime de mutilar, mesmo após as reuniões da organização \\\\\\\"Soldados de Inverno, em Março de 2003, durante o qual mais de uma centena de veteranos da guerra no Iraque admitiram que participaram do que eles chamavam de ´situação geradoras de atrocidades´.
A eficácia do bloqueio de informações realizado pelos meios de comunicação foi confirmada por uma pesquisa realizada pela Associated Press, em Fevereiro de 2007, com uma amostra representativa de residentes norte-americanos, que foram perguntados se tinham idéia do número de iraquianos mortos na guerra. A média dos entrevistados disse que estimava em menos de 10 000, o que representa 2% do total real. Esta ignorância grosseira e geral, bem como a condução da guerra no Iraque não recebeu nenhuma cobertura da mídia, nem mesmo pela Associated Press, que encomendou a pesquisa.A organização ´Veteranos contra a guerra no Iraque´ colocou a brutalidade da ocupação no centro da acção dos seus membros. O massacre do povo iraquiano é o cerne de suas reivindicações. Eles exigem a retirada imediata e total das tropas dos Estados Unidos, como a organização histórica das reuniões do ´Soldiers Winter´, em Baltimore.
Embora este evento não tenha sido transmitido por qualquer meio de comunicação importante nos Estados Unidos, o fluxo de informações veiculadas pela Radio Pacífica e o site do IVAW tem registrado um alto índice de audiência, inclusive entre muitos soldados na ativa, com descrições de atrocidades cometidas pela máquina de guerra norte americana. Um crescente número de sites independentes oferecendo agora uma cobertura regular sobre este aspecto da guerra, incluindo Democracy NowTom Dispatch,Oriente Médio Dahr Jamail\\\\\\\'s DispatchesInformed CommentAntiwar.com e ZNet.
Atualização Maki al-Nazzal e Dahr Jamail
A nomeação do general norte americano David Petraeus, para a direcção do CentCom e Raymond Odierno, como vice de Petraeus como chefe da Força Multinacional no Iraque, suscitou a ira dos iraquianos que vivem na Síria e na Cisjordânia . Estes dois generais convenceram os Estados Unidos e a comunidade internacional das chamadas ´melhorias no Iraque´, mas parecem ter conseguido convencer os refugiados iraquianos que não foi o ´melhor´ em suas pátrias.
´Assim como o governo Bush, condecorou Paul Bremer (chefe da Autoridade Provisória da Coaligação), outros têm sido recompensados pela sua participação na destruição do Iraque´, queixou-se Muhammad Shamil, um jornalista iraquiano que fugiu para a Síria em 2006. O que eles chamam de violência estava localizada em determinadas áreas do Iraque, mas agora o fenômeno foi espalhado por todo o país pelos heróis de guerra dos Estados Unidos. Aqueles que matam, expulsam ou capturam aos milhares, de Basra (sul) a Mosul (no norte).
A esperança um retorno é cada vez menor nas mentes dos refugiados iraquianos. Desde a publicação deste artigo, em março de 2008, a crise dos refugiados agravou-se. A situação é agravada pelo facto de que a maioria dessas pessoas não tem mais intenção de voltar para casa e preferem a reinstalação noutro local.´Eu decidi parar de sonhar em voltar para casa e tentar construir uma nova casa em qualquer lugar do mundo´, disse Maha Numan, 32, refugiado na Síria. ´Há três anos eu sou um refugiado e o que eu continuo a acalentar é o sonho de voltar lá, mas eu decidi parar de sonhar. Eu perdi a fé em todos os líderes do mundo após a onda de violência em Basra, Al-Sadr e agora Mosul. Isso não parece ter um fim, e eu preciso encontrar um refúgio seguro para a minha família.”
A maioria dos iraquianos na Síria estão mais conscientes de seu novo país que a maioria dos jornalistas. Em qualquer Sala de Internet, em Damasco, ao se comunicarem com as suas cidades ou vilas, cada um troca informações do dia-a-dia com outros refugiados iraquianos. As informações confirmam a violência em grande parte do Iraque para reforçar a sua convicção de permanecer no exterior.
´Hoje, houve quatro explosões em Fallujah´, exclamou Salam Almeida, que trabalhou como tradutor para as tropas estadunidenses em Fallujah em 2005. ´E eles dizem que pode ir para casa, que a situação é segura! Retornar para quê? Para ser mortos por minas ou carros-bombas?´
Para o governo Bush foi importante, do ponto de vista político, acreditar que a situação no Iraque está melhor. Tais informações foram transmitidas com a cumplicidade da mídia corporativa. No entanto, 1,5 milhões de iraquianos vivem na Síria e mais de 750 000 na Jordânia, não partilham desta opinião. Caso contrário, teriam ido para casa.

o Estado Islâmico por dentro

Cada vez  que um novo vídeo retratando ações do Estado Islâmico cai na rede, o mundo se choca. A organização ficou famosa por decapitar árabes cristãos e jornalistas ocidentais, queimar vivo um piloto jordaniano, afogar em um piscina supostos espiões, presos em uma gaiola, entre outros episódios. Mas o que está por trás da existência do grupo, para além das atrocidades que comete?
Fórum conversou com o jornalista irlandês Patrick Cockburn, correspondente do jornal The Independentno Oriente Médio e considerado o Melhor Repórter Estrangeiro em 2014 pela The Press Awards. No início deste ano, lançou o livro The Rise of Islamic State: ISIS and the New Sunni Revolution, sobre as circunstâncias em que se deu o surgimento do Estado Islâmico e a influência do Ocidente nesse processo. Em julho, a obra foi publicada no Brasil pela editora Autonomia Literária sob o título A origem do Estado Islâmico – O fracasso da “guerra ao terror” e a ascensão jihadista.
Para Cockburn, a efetividade do ISIS se deve a “uma mistura de fanatismo religioso e expertise militar”. Além disso, a fragmentação de seus inimigos contribui para que siga avançando, sem grandes percalços pelo caminho. “Não há muitos sinais de que exista uma dissidência interna [no Estado Islâmico], eles podem ser impopulares entre as pessoas que vivem nessa área, mas não há nenhum indício de uma resistência ativa contra eles. Possuem muitos inimigos externos, mas estes não estão unidos e têm prioridades diferentes”, explica.
Fórum – Em entrevista recente  você disse que o Estado Islâmico, apesar de muito violento, é mais eficiente do que o governo iraquiano. Poderia explicar isso melhor, por favor? O que o ISIS tem de diferente dos demais grupos que permite essa maior eficácia?
Patrick Cockburn – O ISIS é, essencialmente, um movimento militar. É claramente mais eficiente do que o governo iraquiano porque derrotou o exército daquele país muitas vezes. Isso ficou mais óbvio no final de 2013, quando o ISIS começou a operar em todos os lugares, desde a fronteira iraniana até quase o Mediterrâneo. O grupo derrotou inúmeras vezes o exército iraquiano em Mosul e, apesar dos ataques aéreos norte-americanos, conquistou Ramadi no início deste ano. Então, militarmente, o ISIS é muito mais eficiente. É, de fato, um Estado – temos que manter isso em mente –, no sentido de que forma soldados e mobiliza pessoas para defender suas fronteiras.
Fórum – Em seu livro, você fala das derrotas que o Estado Islâmico impõe aos inimigos com exércitos maiores e mais equipados. Como foi possível que o grupo jihadista tivesse êxito nessas batalhas? 
Cockburn – Penso que há dois elementos envolvidos nessa questão. Primeiro temos que discutir porque o ISIS é tão efetivo; em segundo lugar, porque o governo e o exército iraquiano são tão fracos. Por que o ISIS é efetivo? Acredito que seja uma mistura de fanatismo religioso e expertise militar. O ISIS vem da comunidade árabe sunita, que equivale a cerca 20% da população no Iraque e 60% das pessoas na Síria. Sua ideologia, na verdade, vem da Arábia Saudita – é uma ideologia bastante conservadora, que coloca as mulheres essencialmente como propriedade particular [dos homens] e que considera os xiitas como heréges. Muitas das coisas que o Estado Islâmico faz são uma versão exagerada do que acontece na Arábia Saudita: a posição das mulheres na sociedade, a destruição de monumentos… Então há muitas similaridades entre o ISIS e a Arábia Saudita. Em relação à expertise militar, penso que a maior razão para que exista é que o grupo vem lutando há muito tempo. Se você enfrenta os norte-americanos desde 2003 e também o exército iraquiano e sobreviveu a isso tudo, é porque provavelmente é muito bom no que faz.
Fórum – O Estado Islâmico na Síria surge da Al-Qaeda no Iraque. Como se deu esse processo? Qual a influência dos governos do Ocidente sobre essa questão?
Cockburn – A Al-Qaeda no Iraque – antes mesmo de ter esse nome – começou com o [Abu] Musab al-Zarqawi, que era ligado a Osama Bin Laden, mas tinha diferenças em relação a ele. Zarqawi era mais extremo, mais anti-xiita, mais intolerante e violento. Ele apelou para a comunidade sunita, entre 2003 e 2004, porque tinha recursos e dinheiro vindo de doadores externos, e eles tinham experiência e sabiam como lutar. Mas, desde o começo, sua agenda foi bastante sectária. Como eles [Al-Qaeda]sobreviveram? Contaram com o apoio de fora, de simpatizantes estrangeiros, e, ao mesmo tempo, o governo iraquiano sempre foi fraco e inacreditavelmente corrupto. Ninguém se tornava um oficial do exército iraquiano sem pagar uma taxa: para ser um coronel, era necessário pagar algo como duzentos mil dólares; para ser um general, a quantia a ser paga podia chegar a dois milhões de dólares.
Essas valores eram cobrados porque eram uma forma de se fazer dinheiro. Os comandantes afirmavam ter um batalhão de 600 homens, quando na realidade tinham apenas 150 – recebiam os recursos para a comida e os suprimentos equivalentes aos supostos 600 e se apropriavam do dinheiro direcionado para esses soldados que não exisitam. Isso é algo que os iraquianos chamavam de “soldados de areia”. 
O governo iraquiano admitiu recentemente que havia cerca de 50 mil destes, e o número verdadeiro provavelmente é maior. Então havia um exército completamente corrupto.
Alguns políticos iraquianos que conheço me diziam, há três ou quatro anos, que esse exército nunca lutaria. E eu dizia, “certamente algumas unidades iriam lutar”. Mas eles afirmavam que não, pois as pessoas se tornavam oficiais no exército iraquiano para fazer dinheiro, não para lutar contra alguém. Isso se provou verdadeiro.
Fórum – Por que há tantos europeus aderindo às fileiras do Estado Islâmico?
Cockburn – Acho que é necessário termos um senso de proporcionalidade. No Reino Unido, existem 2,8 milhões de muçulmanos, e menos de mil saíram do país para lutar pelo Estado Islâmico. Na França, acredito que o número seja de mais ou menos 4 milhões de muçulmanos, novamente a proporção [de recrutas do Estado Islâmico] é pequena.
Quando um pequeno número de britânicos se junta ao Estado Islâmico, o fato atinge uma repercussão gigantesca. Um exemplo foi quando três garotas viajaram para lá através da Turquia: elas receberam um tratamento de estrela de cinema em termos de publicidade.
Então, não acho que esse movimento seja tão intenso como as pessoas dizem. É claro que isso consequentemente parece ser muito dramático, mas tenha em mente que o Estado Islâmico sempre foi muito habilidoso em dominar as pautas de notícias ao conduzir suas atrocidades: como cortar a cabeça de jornalistas e assistentes humanitários em frente às câmeras, ou massacrar turistas britânicos em uma praia na Tunísia. E quando as pessoas se acostumaram às notícias de cabeças sendo cortadas, o Estado Islâmico começou a queimar pessoas vivas, como aquele piloto jordaniano queimado em uma jaula. Eles não se importam em ser odiados por muitas pessoas, pois também as amedrontam, colocam medo em seus inimigos. Isso [as atrocidades] é como um ato de desafio, é como mostram sua força.
Os estrangeiros que vão para o Estado Islâmico, como alguns britânicos, não falam árabe e não possuem treinamento militar, então não têm muita utilidade além de propaganda e servirem como homens-bomba – e é para esses suicídios com bomba que eles geralmente são usados. O Estado Islâmico é bem conhecido por usar homens-bomba para matar civis ou durante batalhas, e são os estrangeiros que são utilizados, em vez de nacionais iraquianos ou sírios.
Há ainda um outro ponto que as pessoas geralmente não entendem sobre esses voluntários estrangeiros. O Estado Islâmico é muito desconfiado de qualquer estrangeiro aparecendo ali. Alguns de fato querem se voluntariar para lutar na guerra, mas eles [o Estado Islâmico] sabem que pode haver agentes secretos infiltrados. Por isso, o EI nunca confia em nenhuma dessas pessoas, com exceção talvez dos chechenos, que têm anos de experiência em combate. Pessoas aparecendo do Reino Unido, França ou qualquer outro lugar assim dificilmente terão a confiança imediata deles.
Fórum – O Estado Islâmico dissemina muitos vídeos de suas ações na internet. Isso significa que o grupo está mais conectado com as novas tecnologias? Se sim, isso o ajudou de alguma maneira?
Cockburn – Sim. No ano de 2011, durante a Primavera Árabe, as novas tecnologias tinham como objetivo ser algo progressista, que servisse para derrubar ditaduras. Mas, na realidade, as pessoas que as utilizam de maneira mais efetiva são do Estado Islâmico para, como eu já disse, espalhar o terror mostrando suas atrocidades, e também para alcançar possíveis simpatizantes ou voluntários, circundando os principais canais de televisão e agências de notícias e rádio.
Fórum – Como já mencionou, o Estado Islâmico sequestra a mata jornalistas. De que forma teve acesso a tantas informações para escrever seu livro?
Cockburn – Ainda é possível descobrir o que está acontecendo dentro do Estado Islâmico sem ter de ir até lá. Estive agora em Kobani, a cidade que eles atacaram e falharam em capturar, no começo do ano. Vivo a menos de 100 quilômetros de Raqqa, capital do Estado Islâmico. Tentei conseguir essas informações daqui e através das pessoas que, por variadas razões, abandonam a organização, para tentar ter uma visão objetiva do que está acontecendo dentro dela, o que espero ter conseguido fazer.