quarta-feira, 14 de março de 2018

Fomos Heróis

 

Dirigido por Randall Wallace (roteirista de Coração Valente, que rendeu Oscars de melhor filme e diretor a Gibson em 95), Fomos Heróis reconta a primeira batalha da Guerra do Vietnã, travada no vale de Ia Drang em novembro de 1965, utilizando-se dois fronts: o drama dos combatentes e a agonia de suas mulheres que ficaram para trás. "Queria fazer um filme sobre os veteranos do Vietnã, homens que arriscaram suas vidas por um país que literalmente cuspiu neles na volta", explica Gibson ao Estado. "Muita gente condenou os soldados, mas poucos pararam para pensar que eles é que fizeram o serviço sujo do futebol político criado na época. Acho Apocalypse, Platoon e O Franco-Atirador filmes que ainda são interessantes e válidos, mas eles enfatizam um cinismo que não condiz com a verdade. Nosso filme foi criado para devolver aos soldados e suas mulheres o grato conhecimento de seus sacrifícios." Falando e interpretando com John Wayne (foram inúmeras as comparações feitas pela imprensa americana da caracterização de Gibson com a de Wayne, em Os Boinas-Verdes), Gibson recria o personagem real do tenente-coronel Hal Moore, que comandou um pelotão de 79 soldados estabelecidos na Zona de Pouso Raio X. O relato desse episódio ocorreu somente em 1990, quando o fotógrafo de guerra Joseph Calloway, que acompanhava o pelotão de Moore, vendeu sua história para a revista americana U.S. News & World Report e faturou o prêmio Pulitzer. Dois anos mais tarde, Calloway e Moore lançaram o livro We Were Soldiers Once... and Young. Apesar do conflito no vale de Ia Drang ter durado um mês, Fomos Heróis acompanha quatro dias da prolongada batalha, que deixou 235 soldados americanos mortos (e mais cerca de 245 feridos) e 2 mil combatentes vietnamitas abatidos. "O Exército americano desembarcou em Ia Drang em desvantagem: eram cinco vietnamitas para cada um dos nossos", explica o cineasta Wallace, que disse ter feito um filme apolítico. "O barulho era incrível, o cansaço interminável", lembra o tenente-general Moore, hoje com 80 anos. "Mas, mesmo assim, nosso inimigo sempre foi respeitado. Era uma coisa horrível, a imprensa sensacionalista americana os apelidaram de macacos orientais. Na verdade, eles estavam determinados a lutar pelo seu próprio país da mesma maneira que a gente." Moore e Calloway execram os filmes sobre o Vietnã. "São todos uma porcaria. Em especial Platoon, de Oliver Stone, que junta tudo o de mais ruim na guerra - estupradores, maconheiros, assassinos de crianças - e os coloca no mesmo balaio." Calloway, por sua vez, diz que conheceu o comandante do pelotão em que Oliver Stone lutou no Vietnã. "Depois de ver o filme, esse comandante veio me dizer que nada daquilo tinha acontecido, que nunca os oficiais de seu pelotão fumaram maconha com os soldados", explica o fotógrafo. "Platoon é um filme sobre o que se passa na cabeça de Oliver. E o mais engraçado de tudo é que meu amigo disse que Oliver foi um grande soldado: ele recebeu duas melhalhas Coração Púrpura por ferimentos e um estrela de ouro em V, por valor em combate. Não sei o que se passava na cabeça dele quando escreveu o filme." No front doméstico, Julie, mulher de Hal Moore, é quem assumiu a tarefa de bater de porta em porta para avisar suas colegas da morte de seus maridos. "É inacreditável o quanto essas mulheres sofreram", explica a atriz Madeleine Stowe, que interpreta a mulher de Gibson no filme. Na capa original do livro We Were Soldiers, numa foto clicada por Peter Arnett, que mais tarde se tornaria o famoso correspondente de guerra da CNN, foi estampada a imagem de um dos soldados do pelotão de Moore: Cyril R. Rescorla. Mas esse veterano, que virou chefe de segurança do banco Morgan Stanley e trabalhava numa das torres do World Trade Center, acabou sendo uma das vítimas dos ataques terroristas de 11 de setembro.




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