03.3.2016 - Superada
a perplexidade provocada pela pré-candidatura de Donald Trump à presidência dos
Estados Unidos, a Europa vê agora com preocupação o avanço do magnata, que soa
como um alerta diante da ascensão do populismo no continente. Em visita a
Washington, o ministro alemão das Relações Exteriores, o social-democrata
Frank-Walter Steinmeier, não duvidou em entrar no debate com um discurso que
envolve claramente o favorito nas primárias republicanas. "Na Alemanha e
na Europa se desenvolve algo na nossa vida política e, para ser honesto,
constato aqui também, nos Estados Unidos, durante a campanha das primárias: a
política do medo", disse Steinmeier em um discurso para estudantes. Donald
Trump na Casa Branca seria uma "catástrofe planetária", escreveu o
editorialista do Financial Times, Martin Wolf, depois da vitória do magnata nas
votações da "Super Terça". Trump é um "xenófobo e um
ignorante", acrescentou Wolf, que estabeleceu um paralelo entre a
trajetória do milionário, a queda do império romano e, inclusive, a ascensão de
Hitler. A imprensa francesa demonstrou a mesma inquietação, estabelecendo um
vínculo entre a irresistível ascensão de Trump e os recentes êxitos eleitorais
da extrema direita na França e Europa. "Trump não é apenas uma curiosidade
ianque. Critica as elites instaladas, acusa os imigrantes de tudo e promete a
Lua aos brancos afetados pela crise. Uma música populista conhecida deste lado
do Atlântico. Mais preocupante do que engraçado", diz o jornal Le
Parisien. O jornal conservador Le Figaro anunciou que, à sua maneira, Trump é
um "emissor de alerta"."Convém lembrar às elites políticas
europeias que é perigoso esquecer o idioma daqueles aos quais pedem o
voto", disse Le Figaro. O bilionário recebeu, ao contrário, o apoio de
outra personalidade da extrema direita francesa, o ex-presidente da Frente
Nacional Jean-Marie Le Pen. "Se fosse americano, votaria em Donald
TRUMP", escreveu Le Pen em sua conta no Twitter. Para o jornal alemão Die
Welt, Trump é a versão americana da ascensão da extrema direita na Europa, o
representante de um "desejo de revanche contra as elites arrogantes"."Trump,
Le Pen, Petry e todos os outros se parecem em seu narcisismo, que se alimenta
do tumulto e da doença da demagogia", destacou o jornal. Frauke Petry é a
principal dirigente do partido de extrema direita Alternativa para a Alemanha
(AfD), que vivencia uma fulgurante alta nas pesquisas eleitorais graças à crise
dos imigrantes. "Quando a classe média começa a votar em Trump, temos um
problema", resumiu o economista sueco Sandro Scocco, do círculo de
reflexão de esquerda Arena. Para Scocco, o auge da extrema direita se deve ao
aumento das desigualdades sociais. No fim de 2005, as declarações de Trump
dizendo que seria preciso impedir "temporariamente" o acesso dos
muçulmanos aos Estados Unidos receberam uma onda de críticas. Estas declarações
geram "divisão" e são "estúpidas e falsas". Se Trump
"viesse ao nosso país, estaríamos todos unidos contra ele", respondeu
Cameron.
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