Comentário de Julio Severo: De acordo com o DailyMail,
um dos maiores jornais do mundo, Donald Trump disse: “A OTAN é obsoleta porque
foca na proteção da Europa contra a Rússia, não contra os terroristas islâmicos
radicais.” Trump também disse: “Os EUA estão lidando com a OTAN desde os dias
da União Soviética, que não existe mais… Os EUA estão gastando demais na OTAN.
Os EUA estão pagando a maior parte. Os EUA estão gastando quantias tremendas de
dinheiro em algo que era relevante muitas, muitas décadas atrás, mas o mundo
mudou. É um lugar diferente.” A declaração de Trump está absolutamente certa,
indo contra a opinião dos neocons (neoconservadores que usam tanto a esquerda
quanto a direita americana), que demonizam e priorizam a Rússia, não o
islamismo, como a ameaça mundial. Trump inverteu isso. Trago, diretamente do
WND (WorldNetDaily), a opinião de Pat Buchanan (republicano, ex-candidato
presidencial americano e católico tradicionalista pró-vida), que também acha
que a OTAN havia sido criada contra uma União Soviética que não mais existe.
Nesse sentido, dizer que a OTAN é obsoleta hoje é dizer o óbvio. Na minha
opinião, o que mais evidencia a inutilidade total da OTAN é o fato de que
centenas de milhares de muçulmanos estão invadindo ameaçadoramente a Europa,
trazendo muitos perigos, enquanto tudo o que a OTAN consegue fazer é cruzar os
braços e contemplar. Mais inútil que isso, impossível. Confira agora a opinião
de Buchanan: Não sou
“isolacionista, mas quero ‘os EUA em primeiro lugar,’” Donald Trump disse ao
jornal New York Times no final de semana passado.“ Gosto dessa expressão. Acerca da OTAN, onde os EUA financiam três
quartos do custo de defender a Europa, Trump chama esse esquema de
“economicamente injusto para os EUA,” e acrescenta, “Não mais seremos
enganados.” A mídia política de
Washington pode estar atônita com as guerras de Twitter por causa de esposas e
infidelidades alegadas. Mas as ideias que Trump expressou deveriam provocar um
debate nacional sobre os compromissos dos EUA no exterior — principalmente a
OTAN. Pois não falta apoio importante para as ideias de Trump. O primeiro
supremo comandante da OTAN, o general Eisenhower, disse em fevereiro de 1951
acerca dessa aliança: “Se em 10 anos, todas as tropas americanas estacionadas
na Europa para propósitos de defesa nacional não tiverem retornado aos Estados
Unidos, então esse projeto inteiro terá sido um fracasso.” Conforme relata
Richard Reeves, biógrafo de JFK, o presidente Eisenhower, uma década mais
tarde, admoestou o presidente eleito da OTAN.
“Eisenhower disse ao seu sucessor que era hora de começar a tirar as
tropas americanas da Europa e fazê-las retornar aos EUA. ‘Os EUA estão fazendo
muito mais do que sua parte na defesa do mundo livre,’ ele disse. Era hora de
outras nações da OTAN assumirem mais dos custos de sua própria defesa.” Nenhum presidente americano seguiu o conselho
de Eisenhower durante a Guerra Fria. Mas quando a Guerra Fria terminou, com o
colapso do Império Soviético, a dissolução do Pacto de Varsóvia e a
desintegração da União Soviética em 15 nações, um novo debate ocorreu. A
coalizão conservadora que era unida na Guerra Fria se fraturou. Alguns
argumentaram que quando as tropas russas saíram da Europa e voltaram para a
Rússia, as tropas americanas deveriam sair da Europa e voltar para os EUA. Já
era hora de uma Europa populosa e próspera começar a se defender. Em vez disso,
Bill Clinton e George W. Bush começaram a distribuir cartões de membro, isto é,
segurança bélica, para todas as nações que haviam sido parte do Pacto de
Varsóvia e até para as repúblicas bálticas que haviam sido parte da União
Soviética. Num ato historicamente provocativo, os EUA mudaram sua “linha
vermelha” de guerra com a Rússia do Rio Elba na Alemanha para a fronteira entre
Estônia e Rússia, a poucos quilômetros da cidade russa de São Petersburgo. Os
EUA declararam ao mundo que se a Rússia tentasse restaurar sua hegemonia sobre
alguma parte de seu velho império na Europa, ela estaria em guerra com os
Estados Unidos. Nenhum presidente americano durante a Guerra Fria jamais
considerou dar uma segurança bélica dessa magnitude, colocando os EUA em risco
de uma guerra nuclear, para defender a Letônia e a Estônia. Recorde. Eisenhower
não interveio para salvar os combatentes da liberdade na Hungria em 1956.
Lyndon Johnson não levantou um dedo para salvar os checos, quando exércitos do
Pacto de Varsóvia esmagaram a “Primavera de Praga” em 1968. Reagan recusou
intervir quando o general Wojciech Jaruzelski, obedecendo às ordens da União
Soviética, esmagou o Solidariedade em 1981. Esses presidentes colocaram os EUA
em primeiro lugar. Todos teriam se alegrado muito com a libertação da Europa
Oriental. Mas nenhum deles teria submetido os EUA à guerra com uma nação armada
com armas nucleares como a Rússia para garantir tal liberdade. Entretanto,
George W. Bush declarou que qualquer movimento russo contra a Letônia ou
Estônia significava guerra com os Estados Unidos. John McCain queria estender a
segurança bélica dos EUA para a Georgia e Ucrânia. Essa loucura nasceu da pura
arrogância. E entre os que avisaram contra a atitude da OTAN de avançar até as
fronteiras da Rússia estava o maior geoestrategista dos EUA, o autor da
política de contenção, George Kennan: “Expandir a OTAN seria o erro mais
fatal da política americana na era pós-Guerra Fria. Previsivelmente, tal
decisão impelirá a política externa da Rússia numa direção que decididamente os
EUA não vão gostar.” O que Kennan disse ficou comprovado
como certo. Ao recusarem tratar a Rússia como trataram outras nações que
repudiaram o leninismo, os EUA criaram a Rússia que eles temiam, uma nação que
está se armando encrespada de ressentimento.
O povo russo, tendo estendido uma mão amiga e levado uma bofetada de
inimizade, torceu pela derrubada do complacente Boris Yeltsin e a chegada de um
líder autocrático forte que tornaria a Rússia respeitada de novo. Quem preparou
o caminho para Vladimir Putin foram os próprios EUA. Enquanto Trump está
focando no modo como os EUA estão arcando com o excesso do custo de defender a
Europa, são os riscos que os EUA de hoje estão tomando que são os mais
ameaçadores, riscos que nenhum presidente americano nunca ousou tomar durante a
Guerra Fria. Por que os EUA deveriam lutar contra a Rússia para ver quem domina
os estados bálticos ou a Romênia e a Bulgária? Quando foi que a soberania
dessas nações se tornou interesse tão vital que os EUA arriscariam um conflito
militar com a Rússia que poderá se agravar, resultando numa guerra nuclear? Por
que os EUA ainda se comprometem a brigar por inúmeras nações nos cinco
continentes? Trump está desafiando a mentalidade de uma elite de política
externa cujos pensamentos estão congelados num mundo que desapareceu por volta
de 1991. Ele está propondo uma nova política externa onde os Estados Unidos se
comprometam à guerra somente quando atacados ou interesses americanos vitais
sejam ameaçados. E quando os EUA concordarem em defender outras nações, elas
arcarão com todas as despesas de sua própria defesa. Acabou a era da carona.
0 comentários:
Postar um comentário