20.4.2016
- A Rússia acusou
os Estados Unidos nesta quarta-feira de intimidação por terem feito um
destróier navegar perto da fronteira russa nos Bálticos e alertou que os
militares russos reagirão a quaisquer incidentes futuros com "todas as
medidas necessárias". Falando após uma reunião entre enviados da Organização do
Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Rússia, a primeira em dois anos, o
embaixador de Moscou na entidade disse que o incidente marítimo de 11 de abril
mostrou que não pode haver melhoria nos laços até que a aliança liderada pelos
EUA se retire das divisas russas. "Isto diz respeito a tentativas de
exercer pressão militar sobre a Rússia", afirmou o enviado, Alexander
Grushko. "Adotaremos todas as medidas necessárias, todas as precauções,
para compensar estas tentativas de usar o poderio militar", disse ele aos
repórteres. O embaixador norte-americano na Otan, Douglas Lute, pressionou a
Rússia sobre o incidente, alertando que ele foi perigoso. Os EUA disseram que o
destróier de mísseis teleguiados USS Cook realizava tarefas rotineiras perto da
Polônia quando foi assediado por caças russos. "Estávamos em águas
internacionais", Lute teria relatado a Grushko, segundo um diplomata da
Otan, durante a reunião de conselho Otan-Rússia. Apesar do que as autoridades
disseram ter sido um encontro calmo e profissional, os comentários públicos
enfatizaram a tensão persistente entre as partes desde que Moscou anexou a
península ucraniana da Crimeia em março de 2014 e também por conta de seu apoio
aos rebeldes separatistas no leste da Ucrânia. O secretário-geral da Otan, Jens
Stoltenberg, afirmou que durante a reunião os Estados-membros da entidade
rejeitaram o relato que Grushko fez a respeito da crise no leste ucraniano,
onde 9 mil pessoas morreram desde abril de 2014. Stoltenberg disse que, embora
tenha havido "profundos desentendimentos" a respeito de como lidar
com a segurança da Europa, cada lado precisa urgentemente conversar mais e
aplicar as regras existentes para reduzir os riscos militares. Stoltenberg
sugeriu atualizar um tratado da Guerra Fria conhecido como documento de Viena,
que estabelece as regras para exercícios de larga escala e outras atividades
militares, assim como linhas telefônicas especiais e outros canais de
comunicação militar. "Temos que usar nossas linhas de comunicação",
disse. A principal preocupação da Rússia é a maior modernização da Otan desde a
Guerra Fria, que provavelmente irá incluir um reforço militar no leste europeu
com uma força multinacional de rodízio na Polônia e nos Bálticos. A Otan diz
que os planos são uma resposta proporcional à agressão russa após a anexação da
Crimeia e que a entidade não tinha forças no leste europeu antes da crise
ucraniana. A Polônia e outros membros da Otan nos Bálticos temem um aumento da
presença militar russa no enclave de Kaliningrado, onde a Rússia está
posicionando mísseis terra-ar de maior alcance.
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