quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Mali é o país que actualmente está no meio do olho da tempestade

Neste artigo, escrito em Fevereiro de 2012, quando a última “rebelião tuaregue” eclodiu no norte do Mali, Rick Rozoff relaciona os pontos entre esses eventos e o papel central do Mali na estratégia da U.S. para a África, conjeturando que, depois de Líbia, um outro palco esteja possivelmente a ser definido para outra intervenção a ela semelhante. Rebeldes Touareg no norte do Mali declararam a independência a 6 de Abril de 2012, anunciando a sua intenção de formar o Estado democrático de Azawad.
A imprensa está a relatar um combate intenso no Mali entre militares e rebeldes étnicos Tuareg do movimento nacional de libertação de Azawad, no norte da nação.
Como as únicas agências de notícias com visibilidade global, com fundos e infraestrutura para manterem escritórios e correspondentes em todo o mundo são as dos membros doNorth Atlantic Treaty Organization (NATO) – Associated Press, Reuters, Agencia France-Presse, BBC News e Deutsche Presse-Agentur – a cobertura dos desenvolvimentos em curso no Mali, como as de outros países, refletem o preconceito e agenda Ocidental. Para chegar ao Mali saindo da Líbia são, pelo menos 500 milhas pela Argélia e/ou Níger.
Como normalmente os rebeldes não têm uma força aérea, não têm aviões de transporte militar, as manchetes acima referenciadas e a propaganda que elas resumem, implicam que os rebeldes do Tuareg tenham percorrido todo o percurso desde a Líbia até a sua terra natal, em comboios com armas pesadas através de pelo menos uma outra nação sem serem detectados ou desencorajados pelas autoridades locais. Para não mencionar o facto de lançarem uma ofensiva três meses após o assassinato do líder líbio Muammar Gaddafi, quando o seu comboio foi atingido por bombas francesas e por um míssil Hellfire em Outubro do ano passado. Mas a implicação de que a Argélia e Níger, especialmente a Argélia, sejam cúmplices pelo trânsito dos combatentes Tuaregues e armas da Líbia para o Mali é nefasto em termos da expansão das acusações ocidentais – e acções – na região.
Rebeliões armadas são tratadas de formas diferentes pela imprensa dominante ocidental – a emissão das notícias dependem de como os rebeldes e os governos a que estes se opõem são vistos pelos principais membros da NATO.
Nos últimos anos a NATO tem fornecido apoio militar e logístico a rebeldes armados – na maioria dos casos envolvidos em ataques cruzados e em agendas separatistas e irredentistas –  Kosovo, Macedónia, Libéria, Costa do Marfim, Líbia e Síria e nas frentes “diplomáticas” na Rússia, China, Paquistão, Sudão, Irã, Indonésia, Congo, Myanmar, Laos e BolíviaNo entanto, as grandes potências da NATO adoptaram um rumo oposto com a Turquia, Marrocos (com os seus 37 anos de ocupação do Sara Ocidental), Colômbia, Filipinas, República Centro-Africana, Chade e outras nações que são seus clientes militares ou território por eles controlados, onde os Estados Unidos e seus aliados ocidentais fornecem armas, conselheiros, forças especiais e as tão conhecidas forças de manutenção da paz.
A batida das notícias alarmistas sobre o Mali é um sinal de que o ocidente pretende abrir outra frente militar no continente africano, seguindo os sete meses do ano passado de campanhas de operações especiais aéreas e navais contra a Líbia, de operações em curso na Somália e África Central e a recente implantação de forças especiais americanas no Uganda, Congo, a República Centro-Africana e Sudão do Sul. Em Fevereiro deste ano, na Costa do Marfim, tropas militares francesas e soldados da “paz” das Nações Unidas, dispararam foguetes para a residência presidencial e sequestraram violentamente o Presidente Laurent Gbagbo.
U.S. Africa Command (AFRICOM), tornou-se pela 1ª vez operacional como força combatente prevista  para actuar desde o início, nas primeiras duas semanas na guerra contra a Líbia, com a Operação  Odyssey Dawn, antes da campanha ser continuada pela  NATO, por mais sete meses de durante mais sete meses de bombardeios implacáveis e ataques de mísseis. Mali é o terceiro maior produtor africano de ouro depois da África do Sul e Gana. Possui depósitos consideráveis de urânio geridos por concessões francesas no norte do país, local actual do combate em curso. As exigências de Tuareg incluem a concessão de algum controle sobre as minas de urânio e as receitas que elas geram. Também nos últimos anos  se realizaram a norte grandes explorações de petróleo e gás natural. Em Maio de 2005, a U.S. Special Operations Command Europe inaugurou a Trans-Saharan Counter-Terrorrism Iniciativ (TSCTI), ao distribuírem 1.000 soldados de forças especiais pelo noroeste da África, para a Operation Flintlock, com o fim de treinarem forças armadas do Mali, Argélia, Chade, Mauritânia, Níger, Senegal e Tunísia, os sete originais membros africanos da iniciativa contra o terrorismo Trans-saariana, que, no seu formato atual, inclui também Burkina  Faso, Marrocos e Nigéria. Líbia em breve entrará para esta formação.
As forças especiais americanas levaram a cabo a primeira do que hoje se tornou na anual  operação  Flintlock  (exercícios contra insurgências) com as Nações acima do Sahel e do Magreb. No ano seguinte (2006) a NATO conduziu os jogos de guerra Steadfast Jaguar em Cabo Verde, para lançar a NATO Response Force (NFR) , após o qual a African Standby Force foi modelada.
Flintlock  07 e 08 foram realizadas em Mali.  Flintlock 10 realizou-se em várias nações africanas, incluindo também o Mali.
A 7 de Fevereiro de 2012 os Estados Unidos e o Mali começaram o exercício Atlas Accord 12, mas a Flintlock  12, agendada para mais tarde foi adiada por causa dos combates a norte. As operações Flintlock do ano passado incluíram  unidades militares dos Estados Unidos, Canadá, França, Alemanha, Holanda, Espanha, Mali, Burkina Faso, Chade, Mauritânia, Nigéria e Senegal. Embora a proposta da parceria com a Trans-Saharan na luta contra o terrorismo e dos seus multinacionais exercícios  vão no sentido de treinar as forças armadas das Nações do Sahel e Magreb no combate aos grupos extremistas islâmicos na região, na verdade, os EUA e seu aliados empreenderam uma guerra contra o governo da Líbia no  ano passado, no apoio a elementos semelhantes e na aplicação prática de treino militar do Pentágono no noroeste da África, tem sido no combate às milícias Tuareg ao invés da al-Qaeda no Magreb Islâmico ou a Boko Haram da Nigéria. Os Estados Unidos têm estado envolvidos na guerra no Mali por quase doze anos. As histórias recentes das atrocidades pela imprensa ocidental, irão alimentar a “necessidade” de uma intervenção de “protecção”, e irão fornecer o pretexto para o envolvimento militar americano e da NATO no país.                               https://artedeomissao.wordpress.com 

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