sábado, 15 de outubro de 2016

Chechênia 10 anos depois: a reconstrução da capital Grózni, totalmente destruída pelos russos

Bandeira da República da Chechênia 





15/09/2012  -    Apesar de seu território parecer insignificante para um país continental que perdeu durante os anos 90 repúblicas ricas e com grandes territórios, como Ucrânia e Casaquistão, o governo de Moscou travou duas guerras contra os chechenos para defender-se dos separatistas .
 Oleodutos vindos do Mar Cáspio atravessam a Chechênia. Seria este o principal motivo de tanta preocupação de Moscou?  


  As versões mais aceitas para esta preocupação da cúpula de Moscou provém do fato de que a Chechênia, além de produtora de petróleo, tem uma localização estratégica para a Rússia, visto que grande parte do petróleo extraído do Mar Cáspio e exportado para a Europa passa através de oleodutos pelo território checheno.

Prédios bombardeados na capital chechena
Mercenários de todo o Oriente Médio lutaram em Grózni    





 1a Guerra da Chechênia ocorreu em 1994 e foi motivada pela declaração de independência feita pelo então presidente da Província Djokhar Dudayev em 1991. Ela é chamada por muitos de "Vietnã Russo", pois mesmo com um poderio militar significativamente maior que o checheno, sofreu baixas humilhantes durante as campanhas. Mesmo assim, o poderio do exército moscovita prevaleceu, e Grózni foi tomada pelos russos após violentos combates, pondo fim ao conflito em 1997. A única nação que reconheceu a independência chechena durante este período foi o Afeganistão.  Porém, a paz durou muito pouco, pois violentos atentados terroristas em vários locais da Rússia feitos por rebeldes chechenos fizeram com que o governo de Moscou invadisse novamente a Chechênia em 1999, no que foi chamado de 2a Guerra da Chechênia. O conflito terminou em 2000, e um referendo feito algum tempo depois manteve o controle russo sobre a província com uma votação de 96% (apesar de denúncias de fraudes), terminando com uma década de conflitos. Porém, acusações de estupros, assassinatos de civis e saques feitos pelas tropas russas até hoje estão na memória da população de Grózni.   Vale lembrar que mesmo depois do término "oficial" dos conflitos, alguns dos momentos mais tristes da última década foram protagonizados por rebeldes chechenos, como nos casos do ataque ao Teatro Dubrovka de Moscou em 2002 (200 mortos) e o massacre da escola em Beslan em 2004 (344 mortos).


 O jovem e polêmico presidente Kadyrov, nascido em 1976.
Um ex-rebelde que hoje defende Putin como se fosse seu pai




Hoje, mais de uma década após o final da 2a Guerra da Chechênia, sob uma enganadora tranquilidade imposta pelo governo autoritário de seu terceiro presidente, Ramzan Kadyrov, filho do primeiro presidente checheno assasinado em 2004,  um ex-rebelde com idéias separatistas na década de 90, que mudou para o lado russo, e sob a poderosa sombra de Putin, tornou-se presidente com 31 anos de idade. 

Apesar de reconhecer que o muçulmano Kadyrov trouxe investimentos para a sonhada reconstrução de Grózni e uma certa paz à província, pesam sobre ele acusações de corrupção, escândalos sexuais e abusos de poder. Suas declarações polêmicas tem doses generosas de racismo, machismo e intolerância religiosa.   Apesar da reconstrução da cidade, muitos bairros periféricos permanecem em ruínas, e o déficit habitacional e índices de pobreza são bem maiores que no restante da Rússia.   Grózni ostenta orgulhosamente um time na Primeira Divisão do Futebol Russo (Russian Premier League). Trata-se do Terek Grozny que conta com 4 brasileiros no elenco: Antonio Ferreira, Adilson, Maurício e Aílton. 
http://www.ogol.com.br/equipa.php?id=4253                                    Seu estádio para 10 mil pessoas fica lotado durante as partidas do time, numa forma mais civilizada de "confronto" contra os outrora "inimigos" de Moscou. E enquanto isto, Grózni ressurge das cinzas como uma Fênix Mitológica, que precisa perecer para renascer mais forte do que nunca. Esperamos que desta vez, ela não seja destruída pelas bombas de Moscou, nem pelas atitudes de seus governantes nada confiáveis.

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